sexta-feira, junho 03, 2005

Professores: controlo de baixas

http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24751527
O Governo anunciou medidas de controlo de baixas.
Mas é necessário fazer muito mais nesta área.
Porque pouco ou nada se tem feito.
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Poucos arriscam a discutir a Educação e o respectivo sistema. Da Saúde, alguns vão falando. De Educação…nada. Basta ler jornais, ouvir a rádio e ver a TV. Um deserto de ideias e discussões sobre o assunto. Apenas os professores dão pareceres. No sentido que lhes interessa.
Um beco sem saída.
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A profissão docente não é assim tão má.
Afinal, são dezenas de milhares os que, todos os anos, a ela procuram aceder...
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A primeira grande medida a tomar: todos os Educadores e Professores passariam a cumprir o seu horário no seu local de trabalho.
Para um leigo, nada de mais, não é verdade?
Mas não é assim? Perguntará a maioria.
Não!
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Os horários dos docentes têm duas componentes: a lectiva (aulas) e a não lectiva que deve ser utilizada para preparação das referidas aulas, para exercer cargos vários, construir, preparar e dinamizar actividades extra-lectivas, etc.
Infelizmente, os sindicatos fazem uma interpretação abusiva da legislação, tentando (e conseguindo) colar a ideia que componente lectiva é o período de trabalho... e, fora desta, não há responsabilidades, controlo, regras, nada… Um professor do ensino secundário em final de carreira dá 12 horas semanais de aulas. Se tiver uma qualquer redução horária para ser, por exemplo, director de turma, ainda menos horas sobram…
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Dizem que nas escolas não há condições de trabalho.
Pois. Não as criam. Não interessa… Mesmo quando a escola vai reduzindo os seus alunos (e turmas) tratam logo de destinar os espaços sobrantes para mais uma qualquer actividade inútil, a que os alunos não aderem pois é “criada” para ocupar mais umas horas do tal horário de um qualquer (mais um) professor. Afinal são eles que mandam nas escolas (a tal gestão “democrática”) e orientam-na para os seus interesses.
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A componente lectiva fica "suspensa" durante determinados períodos: Natal, Páscoa, Carnaval, Verão. Mais uma vez, infelizmente, os sindicatos fazem uma interpretação abusiva da legislação, colando a suspensão de actividades lectivas a período de férias, pelo que, novamente, é o descontrolo absoluto.
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Outra interpretação abusiva: ligam suspensão da actividade lectiva (aulas) a uma suspensão da actividade docente (ou educativa para a Educação Pré-Escolar). O que pressuporia aquilo que querem: férias gigantescas. Errado.
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A interpretação correcta: é actividade docente (ou educativa) a actividade que apenas os docentes podem executar. Mais ninguém. O que não significa que o trabalho dos docentes se limite a estas funções (as que são exclusivamente suas). Mas é isto que argumentam os sindicatos, branqueando, desta forma os atropelos sucessivos ao cumprimento das leis. Aos docentes compete executar outras funções que não aquelas que são exclusivamente da sua responsabilidade (por motivos técnicos e formativos). Mas poucos as executam ou se sentem obrigados a executá-las.
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O Estatuto do Pessoal Docente é um absurdo. Não existe em muitos países europeus, tal como não existe o Estatuto de muitas outras Carreiras em Portugal.
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Mas, curiosamente, parece não haver capacidade para corrigir este estado de coisas.
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Os professores portugueses ganham muito (mesmo muito).

http://www.eurydice.org/Salaires/CompPays.asp

São, na Europa, os que mais ganham. Logo desde o início da carreira (139% do PIB) e cujo ornadado mais cresce ao longo dessa carreira (até 320% do PIB). Isto para não falar do automatismo da mesma (sobem todos ao topo, sem excepção) e da ausência total de avaliação (será que os professores trabalham?) e controlo de produtividade (será que os alunos aprendem?).
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Para além de serem muitos:

http://dn.sapo.pt/2005/05/12/negocios/portugal_desce_seis_lugares_tabela_c.html
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A profissão é atractiva (por muito que se fale, são dezenas de milhar que se candidatam todos os anos sem sucesso).
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Até concordaria que os sindicatos lutassem por alguma excepcionalidade no que se refere às férias dos docentes. Não há dúvida que é uma profissão de risco e cansaço. Mas daí ao descontrolo actual...
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Nota final: não há que generalizar. Há muitos professores competentes. Mas, até muitos destes, fecham os olhos, tapam os ouvidos e viram a cara para o lado quando os sindicatos (os mais esquerdistas e corporativos que existem) de professores falam. Não concordam, mas servem-lhes... e vão usufruindo do estado das coisas.
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Coragem precisa-se. Sócrates já mostrou muita. No pacote actual, caberia bem esta medida: docentes nos estabelecimentos 7 horas por dia. E, todos os dias, com excepção das (verdadeiras) férias, formações, etc. E estas (as formações) devem ser realizadas fora dos períodos de actividades lectivas. E, como sugerido, deve ser feita uma reverificação (a sério) das baixas por doença. Principalmente as que se colam a fins-de-semana longos, a pontes e a períodos de interrupção de actividades lectivas...
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E mais: há tanto tempo disponível (no horário de trabalho dos docentes). Porque “acertam” sempre no (pequeno) período de actividades lectivas (aulas) as consultas do médico, as acções de formação e as actividades sindicais?
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O prejuízo é sempre dos alunos e dos jovens Portugueses. Os que menos sabem e aprendem na Europa.
Acabemos com os álibis. Agir é preciso. Pelo nosso futuro, como País.

6 comentários:

Anónimo disse...

frases feitas e chavões ouvidos aqui e acolá sem grande sustentação de campo é o que me parece embora diga algumas verdades que ninguém querer ouvir.
mas o grande problema deste país em termos de educação é o desastre que aí vem com as futuras gerações completamente ignorantes. e é por aí que se deve começar e não por eleger os professores e "alguns seus direitos adquiridos" como agora é moda invocar-se como os grandes responsáveis pelo descalabro verdadeiramente assustador para quem o conhece do estado da Educação neste nosso portugal.

deve começar-se por coisas tão simples como "quem não sabe não passa." poderemos ter nos primeiros anos chumbos atrás de chumbos mas no curto médio prazo os alunos e os paizinhos começam a educar os filhos de outra forma. note que agora só não temos chumbos atrás de chumbos nas pautas. educa-se para as estatísticas e para a mentira de outro modo como explicar crianças no 5º 6º e até no 9º que mal sabem ler e escrever?


outra medida simples mas de fundo incomensurável passa por haver exames nacionais a TODAS as disciplinas no final dos ciclos. aí queria eu ver os professores a terem um sucesso de frequência assombroso e a serem confrontados com os pobres resultados que os seus brilhantes alunos tirariam nos exames. talvez pensassem três vezes antes de passarem quase todos os alunos para serem professores fixes e não arranjarem quaisquer tipos de problemas.

ganhávamos todos!

e desculpe ocupar-lhe este espaço com este desabafo.

fcr

ocontradito disse...

fcr
Não tem que pedir desculpa nenhuma. O espaço é para ocupar.
Mas concordo e assino por baixo no que diz respeito a quase tudo o que escreveu. Nomeadamente no que respeita aos exames nacionais. E quanto á exigência de qualidade (quem não sabe não passa).
Mas, terá de aceitar que uma das grandes razões por tudo estar numa paz podre na Educação deste País é o facto de não haver uma efectiva avaliação do trabalho docente e de já não haver mais nada a dar (em termos financeiros) aos professores. Já está tudo dado. O possível e o impossivel. Se a motivação não descola desta maneira... é preciso agir com alguma firmeza e quer se queira quer não se queira, questionando os assuntos acima abordados.

Anónimo disse...

Li com toda a atenção o post e os comentários. Não concordo mas respeito.Penso que há muito azedume, muita informação distorcida. Parece-me que fala-se de algo que se não vive (ou viveu) mas do que se ouviu falar e de que se ouviu falar mal.

Deixo duas sugestões:
1º Esperar pelo concurso. Concorrer e "entrar no paraíso". Não é preciso cunha nem mover influências. Felizmente é das poucas em que isso acontece.

2º Se um professor de língua estranjeira que tenha sete turmas (de vinte e cinco alunos) quiser dedicar quinze minutos a cada aluno por semana( para ver os cadernos , os trabalhos de casa, os exercícios feitos na aula, os testes...), qual será o seu hoário semanal?
Nota 1: Aqui não há ideologia, nem ressentimentos, nem zangas...
Nota 2: Espero que não acusem o dito professor(pelo menos para já) de não fazer nada,de ser um autêntico malandro.
Cumprimentos para todos...

Anónimo disse...

errata: onde se lê estran... deve ler-se estrangeira

ocontradito disse...

Obrigado pelo comentário.
Não há azedume. Inclusive, entendo que o problema da educação em Portugal (este é que é O problema)não está nos professores. Está nos seus sindicatos (embora a maioria dos profs. aceite a sua actuação)...
Já estamos hà 20 anos a rodear as questões e não passamos da cepa torta. É a altura dos professores reagirem.
Considero que os professores têm de trabalhar de uma forma mais transparente (no local certo e as horas certas). Até para retirar as ideias pré-concebidas que são recorrentes.
Considero que, em paralelo, deverá haver um reacerto de funções nas Escolas. Menos turmas e menos alunos para mais actividades de outra ordem.

Anónimo disse...

Tirando, muito naturalmente, o verdadeiro professor que assume a sua tarefa com responsabilidade e dedicação o resto "caiu" na carreira de pára-quedas com vista a um salário gordo .
Profissão de luxo.
Preparação de aulas(?)Um professor que dá continuamente os mesmos anos lectivos só tem de preparar uma vez a "papa". Sem esquecer aqueles que se limitam a ler o manual de fio a pavio.
Já era altura de começarem a perder alguns dos beneficios que foram dados sem qualquer fundamento.
Esperamos que não se pare por aqui.