segunda-feira, fevereiro 28, 2005

O dilema do PS

As eleições de 20 de Fevereiro foram, na realidade, marcantes.
Mas por razões completamente diferentes das que têm vindo a público, via comunicação social. Esta, completamente manipulada, tenta passar a mensagem de que o País virou à esquerda e que esse passo é decisivo e irreversível.

Não, o que se passou é muito diferente.
Em primeiro lugar, curiosamente (ou não), pouco se vibrou com a maioria absoluta obtida. Desde a rua até aos discursos dos vencedores. Sabem bem, estes, que nada têm a festejar.

Então, qual a mensagem transmitida por estas eleições?

O PS está a “sangrar” à esquerda. Menos para a CDU e mais para o BE.
A CDU está a capitalizar a mudança de liderança, mas é coisa de pouca dura. As faltas de voz não serão eternas e o discurso (dinossáurio) voltará ao de cima.
O BE ganhará peso. Está na moda ser contestatário, mesmo que inconsistente e demagógico. Há uma parte do eleitorado que se revê no protesto constante, mesmo que aliado a uma crónica ausência de soluções e formas (não demagógicas) de resolver as questões. O BE ganhará volume, à custa do PS, sob qualquer tipo de política que seja seguida por Sócrates.
O PS conquistou a maioria absoluta à conta dos abstencionistas e do tal grupo de eleitores, ao centro, que decide eleições e que vota quer no PSD quer no PS consoante a sua intenção de efectuar um protesto em relação à situação vigente.

Assim, tendo o PSD restrito à sua base fixa, tudo o resto votou PS. E “disse” o quê?
Disse que queria mudar. O País? Não. As políticas. Que não estava interessado em sacrifícios; que os ordenados devem voltar a crescer. Que o emprego (mais do que o trabalho) deve aumentar. Que isso de produtividade, de déficites e outros que tal não era com eles. Que a sua reforma deve ficar garantida, seja qual for o custo, etc. Passou uma mensagem de egoísmo profundo e de desrespeito pelas gerações vindouras.

Entretanto, o PS foi levado ao poder ao colo da imprensa. Evidentemente, por conta do capital e das corporações (bem) instaladas. Mas também das audiências que crescem com todo o “folclore” criado.

E chegamos ao dilema.

Para (re)ganhar eleições e se manter no poder o PS terá de abrir as portas às benesses esperadas. Tal como fez no tempo do guterrismo. Para estancar as saídas à esquerda e manter os “flutuantes” à direita terá de responder positivamente aos sindicatos, às corporações e aos situacionistas. E para isso, basta não fazer nada. Estudar. Dialogar. Indecidir. O País não será reformado e voltaremos (muito rapidamente) ao pântano.

E o outro colo de Sócrates (o capital) ficará a ver navios. Realizará o tiro que deu nos pés. Mas será tarde. O emprego (sem trabalho) será criado à custa da esfera pública. E dos impostos que serão necessários para o sustentar. Os défices subirão (mesmo que despenalizados, entretanto, pela UE). A burocracia aumentará e o problema da sustentabilidade da segurança social, que cresce com o tempo e com a inactividade, será agravado.

Mas o desemprego não baixará. O emprego perdido por conta da baixa competitividade será compensado (apenas) pelo crescimento do emprego público. As grandes obras previstas nada acrescentarão no sentido da competitividade do país. Na Educação, onde as mudanças são mais necessárias, ficaremos na mesma, nas mãos dos sindicatos e das corporações instaladas.

Pelo que o dilema é irresolúvel. Com o PS, ou não há saída ou não há saída. E Portugal adia-se mais uma vez…

Mas, curiosamente, a saída passa pelo PS. E já devia ter acontecido com Guterres. Nessa altura o PS deveria ter sido “obrigado” a assegurar a legislatura até ao fim. Com quaisquer custos para o País. Seria assim e apenas assim que o País poderia erradicar de uma vez estas políticas (egoístas das corporações) e enveredar pelas reformas necessárias. Espero que, atingido (de novo) o pântano, sejam os socialistas obrigados a chafurdar nele. Sejam obrigados a sentir (no poder) as consequências das suas políticas. De forma a cortar de uma vez com o ciclo cigarra-formiga-cigarra-formiga… onde o centro-direita só é chamado ao poder para tomar as medidas necessárias e difíceis, sendo depois, logo dele arredado, para dar lugar à irresponsabilidade socialista sob a capa dos benfeitores sociais…

sábado, fevereiro 26, 2005

Sócrates governará?

A coerência é, normalmente, uma das atitudes ausentes da lista dos socialistas quando estão no poder.

Na oposição estão contra tudo. Contra o orçamento, contra a eliminação dos benefícios fiscais, contra a (re)introdução das portagens, contra a lei do trabalho, contra a lei das rendas, contra a dinamização dos genéricos. E, neste processo, são veementemente apoiados pela imprensa e pelos seus escribas opinativos.

Quando chegam ao governo, tudo se altera. Sabendo muito bem que a sua posição anterior era pura e simplesmente demagógica, sabendo que aquelas medidas (difíceis) são incontornáveis, mantém-nas, utilizando um qualquer álibi que sustente a incoerência (estabilidade, já ouvimos, num caso).
A imprensa, aí, mantém-se quieta. Afinal têm que assegurar o seu papel de “colo”, que tão bem cumpriram antes de 20 de Fevereiro. Afinal foram eles que conduziram Sócrates até onde está.

A decisão é coisa difícil para os socialistas. Entra muito dificilmente no seu dicionário. Estudam, ouvem, dialogam, procuram consensos. E é tudo. Depois, (in)decidem. Ou seja, não fazem coisa nenhuma. Adiam. E porquê?

A base de apoio dos socialistas é extremamente larga. E, por isso, contraditória. Têm dois apoios distintos suportados pela imprensa. Este processo funciona muito melhor na oposição. Basta dizer mal. Denegrir. Dar voz a quem diz contra e silenciar quem diz a favor.
No governo é muito mais complicado. A governação deve ser muito mais pró-activa. Pelo menos é isso que todos esperam. Foi isso que Guterres não foi capaz de fazer. E, provavelmente, não devido a ele, mas devido ao PS e, disso, também Sócrates, será vítima.

Utilizam o caso co-inceneração para apresentarem um Sócrates decidido. Mas não será menos decisão e mais teimosia?

Os apoios do PS são contraditórios.

Por um lado a UGT, o povo (esquecido, ávido de benesses e não convencido sobre a necessidade de sacrifícios), as corporações sindicais em defesa dos seus privilégios e a pressão dos partidos de esquerda que exige uma resposta contínuacpor parte do PS para não ver, por eles canibalizada, a base de apoio de esquerda. São senadores, neste grupo, os líderes sindicais, Soares, Vital Moreira, Alegre e a tralha guterrista.

Por outro lado, o Banco de Portugal, os economistas, a Banca e os eleitores de centro-esquerda (mais esclarecidos) que procuram(?) em Sócrates uma governação contida e rigorosa. São senadores nesta facção, os capitalistas, os banqueiros, Victor Constâncio e entidades patronais.

A imprensa suporta os dois lados, tentando dar uma ideia de conjugação de objectivos que é, na realidade, impossível na altura da decisão. Ideia que era, na verdade, muito mais fácil quando se fazia oposição.

A mudança é, por isso, impossível com o PS. Este é um corpo com duas pernas, cada uma a se tentar mover para o seu lado (oposto).
Qualquer decisão que agrade a uma facção será contrária à outra. E contrariada. E, daqui não saímos, pois o apoio de qualquer dos lados é fundamental e imprescindível para o PS.
Resultado: como vimos na campanha eleitoral, não se apontam objectivos e medidas, optando-se por um programa vago e genérico. Na governação, tudo será igual. Pura e simplesmente, não se decidirá. Vamos ficar pelos estudos, pelo diálogo e… pela indecisão. Revigoram as corporações e os situacionistas. Perde o País e é hipotecado o futuro.

Em conclusão, Portugal fica adiado.
Mas, como o Mundo não para, Portugal adiado é Portugal para trás…

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Dissolução e Sondagens - validados?

Vêm, agora, alguns articulistas, em função dos resultados eleitorais, divagar sobre a validação, quer da decisão de Sampaio em dissolver a Assembleia, quer das sondagens que apontavam para resultados (muito) próximos dos obtidos.

Quanto à dissolução da AR.

Considero que os resultados não validaram a decisão de Sampaio. Pois eram os esperados tendo em conta a dimensão do embuste criado e amplificado pela imprensa sobre Santana Lopes, elevando simples episódios governativos à dimensão de crise. Tal como, o facto de terem morrido 300.000 pessoas aquando do lançamento da Bomba Atómica em Hirochima, não validou essa acção, muito embora tenha precipitado o fim da 2ª Guerra Mundial. Como é usual, vingou a tese do vencedor, que utilizou a arma. O mesmo aqui se passa. Os vencedores querem “escrever” a História, puxando a “brasa à sua sardinha”, mas estamos aqui para que isso não seja tão fácil.
A validação do acto (ou o seu inverso, como defendo) será efectuada no futuro. Quando outros Presidente se virem confrontados com situações idênticas. Quando se verificar que mais nenhum governo pode contar com 4 anos de legislatura. Quando se inibir de efectuar qualquer reforma ou de tomar qualquer decisão que faça crescer alguma insatisfação popular. E quando as sondagens indicarem a existência de uma qualquer insatisfação.
Se Guterres era acusado de governar (ou de ser indecidido) ao sabor das sondagens, agora, esse formato passará a ser a regra. Pois o Presidente pode acordar com os “pés de fora” e teremos o caldo entornado. Ou melhor, temos a Assembleia dissolvida…
Ou seja, sem mudança e sem reformas, sem decisões difíceis, teremos Portugal adiado. E como o tempo não é susceptível de ser perdido, pois a globalização é uma realidade e o Mundo não para, vamos caminhando, rindo e cantando, em direcção ao pântano. Novamente. Depois, … logo se vê. Provavelmente, chamamos os mesmos, de novo - os competentes bombeiros do PSD - para nos tirarem de lá.
E a decisão do Presidente, aí sim, se revelará como mais um instrumento do embuste. Com a cumplicidade da imprensa. Quanto a Sócrates? Foi (e é) apenas um instrumento…

Quanto às sondagens.

Resta saber – e nenhuma sondagem ou estudo o poderá responder – até que ponto as próprias sondagens – e todo o resto do embuste criado – foram, elas próprias, instrumento de validação dos resultados obtidos. Ou seja, até que ponto as sondagens possam ter sido empoladas, para que os resultados o tenham sido? Fica, no mínimo, a dúvida.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

A repartição justa dos sacrifícios

Ontem (21/02) iniciou-se um novo ciclo. Foram colocados em questão (RTP1) assuntos que eram tabu antes das eleições. É fácil perceber porquê. Antes não valia. A imprensa tratou de colocar uma cortina de fumo sobre tudo o que de bom estava a ser feito. Não interessava.

Agora, saltam ao de cima as forças manipuladoras. Cada uma procurando encontrar o seu espaço a fim de fazerem as suas reivindicações ao governo que aí vem. Ou se quiserem, executando a sua pressão e/ou a sua cobrança individual pelo colo dado.

Ontem, questionaram-se e discutiam-se os sacrifícios.
Dando de barato que serão necessários (antes, não o eram...) .
Determinando as formas como deverão ser distribuídos.

Para trás ficaram os que motivaram esses sacrifícios e que colocaram o País no “pântano” em 2001 - e o que foi mais grave - em período de plena expansão económica internacional.
Para trás ficaram, desde 20 de Fevreiro, aqueles que - contra tudo e contra todos e num período de retracção económica mundial - estancaram a “ferida” que sangrava o País. Infelizmente, muitos "escribas" tentam ligar a insatisfação (normal) originária do facto de se estar a suportar esses sacrifícios com governações menos bem sucedidas. Ou seja, a boa governação é a facilitista e orientada pelas sondagens de opinião...

Ficaram para trás os que colocaram o País no pântano? Não. Estão aí de novo. Os mesmos. Ao leme.

Mas, voltemos aos sacrifícios.
Agora, já são validados pela imprensa. Cabe-lhes (a essa imprensa, já estamos a ver) intoxicar o povo. Os sacrifícios passaram a ser incontornáveis, para bem do País (antes não o eram...) .

O governo PSD-PP aplicou sacrifícios. Como vimos, contra tudo e contra todos.
E essa terá sido essa, não só a sua virtude (de justiça), como a sua perdição.
Ao convocar os bancos, outros “capitais” e algumas corporações a colaborar nos sacrifícios destinados à saída do “pântano”, tocou em (fortes) interesses instalados. Por isso foram derrubados.

Os sacrifícios:

O IVA. Subiu para 19%. É um imposto plano. Toca a todos. Por igual (a sua base de aplicação é generalizada a todos os consumidores sem excepção) e com justiça (contribui mais, quem consome mais).
O IRS. Eliminados os benefícios fiscais. Os ganhos foram distribuídos na baixa geral dos escalões.
O IRC. Baixou. Como prometido. Ia baixar mais.
A Siza. Bem substituída. Não eliminada, pois a corporação autárquica não o permitiria de uma só vez.
Lei das rendas “congelada”.
Tributação dos Bancos. Duplicou. Não gostaram. Acharam não dever contribuir...
Eficácia fiscal. Subiu significativamente. Um dado recente, “escondido” pela imprensa manipulada (que era toda, ou quase).
Funcionários Públicos: ordenados congelados (os acima de 1000 Euros). Uma vez que não seriam (são) aceitáveis despedimentos (que reduziria o “monstro” criado no tempo das “vacas gordas” de Guterres), esta foi a forma mais justa de imputar a quota parte dos sacrifícios a este significativo grupo de trabalhadores.
Empresas e privados: aqui a intervenção pública não é directa. Os desempregados, originados nas empresas em maiores dificuldades (muitas encerraram) são a face mais grave e visível da repartição dos sacrifícios. Compensados (se assim poderemos considerar) com os subsídios de desemprego.

Maior justiça que esta? Melhor distribuição?

Veremos como fazem estes…


segunda-feira, fevereiro 21, 2005

E agora, Sócrates?

Voltam os benefícios fiscais.
Aumentos? sempre acima da inflação.
Para 300.000 pensionistas idosos, mais 90 Euros por mês.
Rendimento Mínimo? Garantido!
IVA? Outra vez 17.
Pensões = salário mínimo.
Bancos? Voltam a pagar menos.
IVA na habitação?
Lei das Rendas? (congeladas)
Portagens: é o fim!
Totonegócio? Para todos.
Freeport: arquive-se.
Aeroporto da OTA já.
TGV também (com um percurso maximizado para agradar a todos)
Incinerar: tudo.
Aborto: não pode esperar.
Empregos? Mais 150 mil.
Jobs? For the boys.
Taxa de desemprego: metade.
Saem dois entra um (função pública).
Défice sempre abaixo dos 3 por cento.
Receitas extraordinárias: zero.
PIB? acima da média europeia.
Código do trabalho : ao que era.
Corporações: em nada se mexe.
Justiça: adia-se e arquiva-se.
Casa Pia: vítimas passam a arguidos e vice-versa.
Educação: fim aos exames, viva o facilitismo.
Tecnologia: computadores para todos (os iletrados também têm direito).
Redes e comunicações: dar aos outros um pouco da PT.
Saúde: travam-se os genéricos, hospitais sempre públicos.
Contradições? Nãaaaaaaaaaaaao.

Assembleia: arrogância quanto baste.
Presidente: Guterres (aproveitemos o esquecimento do povo…)
Ministros: a tralha.
Pântano: à vista.
Quem nos irá tirar de lá?

Fácil : os que de lá nos tiraram da última vez …

Nota: Nem tudo é mau...

domingo, fevereiro 20, 2005

Virada a página

Venceu o embuste. Os Portugueses voltaram-se para o PS à procura das benesses dadas a partir de 95 e que levaram o País para o pântano. PSD 72 PS 120 CDS/PP 12 CDU 14 BE 8

Sampaio conseguiu o que queria, mas não se livra do registo histórico. Encerrou uma legislatura a meio, sem justificação significativa que não a sua vontade.

Mas, viremos a página.

Vem aí um PS absoluto. Com a responsabilidade absoluta exigível nestas situações. Julgo que não estará à altura. O PS sabe distribuir. Assim, O problema está criado, pois nada há para distribuir.

A verdade é que o trabalho difícil já foi feito . O que motivou a fuga de Guterres foi resolvido. A ferida está estancada. O pântano foi superado.

Sampaio, nos finais de 2001 terá acertado a estratégia.
Com Guterres a fugir dizendo que não conseguia inverter a situação, planeou: marco eleições, vêm aí uns “anjinhos” que acertam o rumo ao País, tomando as medidas difíceis. Quando chegar o momento certo... ponho-os fora.

Retomo: o PS sabe distribuir. Mas não há nada para distribuir…

O Governo PSD-PP estancou a hemorragia, mas não criou reservas. Sampaio não deu tempo. O PS não pode distribuir, porque não tem nada para o fazer. E terá de fazer aquilo a que nunca foi obrigado: criar riqueza antes de a distribuir. E isto, duvido que saiba fazer.
Porque será obrigado a manter as políticas restritivas. Aquelas que esteve dois anos a contestar. E se estas políticas (responsáveis) são normais e recorrentes para os partidos de centro-direita, não o são para o PS.
E, pior do que isso, o eleitorado não as espera do PS … e não foi à espera delas que votou como votou.

Não haverá consensos nem acordos de legislatura. Até porque o PS não precisa. A maioria absoluta obtida fará subir a sua arrogância.

A página está virada. Agora vamos ser implacáveis no julgamento da governação que se vai seguir. Com memória. Com memória do que o PS fez com Guterres e do que contestou em 2002-2004…

Sampaio? Não deixará saudades. Arrastar-se-á até ao fim do seu mandato. Presidente de todos os portugueses? Renegou o juramento. Definitivamente ... cor-de-rosa.

Eleições: o grande derrotado será sempre Sampaio

Das duas uma : ou o PS tem maioria absoluta (e Sampaio perdeu metade do País) ou o PS não tem maioria absoluta (e Sampaio perdeu tudo…).

A mensagem de Sampaio, de ontem, foi clara.
Fala de crise mas a crise é a dele.
Fala de dificuldades que são as dele.
Fala da importância do acto eleitoral. Para ele.

Porque a demissão será o único caminho se perder tudo. Da perda total da confiança de metade do País é que já não se livra.
Veremos qual será o impacto futuro do precedente criado em “desfazer” por sua iniciativa uma maioria absoluta sem qualquer sinal de rotura.

O grande derrotado e a História o registará … será Sampaio.

Hoje, teremos de ir todos votar.
É a única hipótese de contraditarmos todo o embuste que vivemos desde que Durão Barroso foi para a EU.

Primeiro, com Sampaio a reconduzir o governo, apenas porque não lhe interessava Ferro Rodrigues à frente no PS. A sua vontade seria, já na altura, a dissolução…
Depois, quando se aproximava o limite temporal em que poderia aplicar a “bomba atómica” e aproveitando o conivente (?) embuste da imprensa instrumentalizada que amplificava simples episódios - de nomeia não nomeia um ministro - ao ponto de criar uma “crise” fictícia, dissolve a Assembleia.
Finalmente, quando não resiste, nas suas intervenções, cada vez mais envergonhadas, apelar para a maioria absoluta do PS…
O embuste terá resultado. Até que ponto? Saberemos esta noite.

sábado, fevereiro 19, 2005

Porque é no PSD o voto mais correcto

Contráriamente ao que tem vindo a ser massivamente publicitado pela imprensa manipulada, o voto no PSD é, na realidade, o mais sensato.

1)Foram eles que, em 2002, aceitaram tirar o País do pântano nas piores condições imagináveis. Num período de contração económica internacional (ataque WTC, preços petróleo, redução exportações, crescimento China, entrada novos Países UE), pegando num País ingovernável (dito por quem o deixou nessa situação e desapareceu, vagueando por esse mundo fora).
2)Foram eles que tomaram decisões difíceis de uma forma justa: todos nós fomos chamados a contribuir nesse processo. Incluindo, pela primeira vez, os bancos, que viram subir a sua contribuição fiscal.
3)Foram eles que suportaram toda essa fase dificil, que tomaram decisões fundamentais, que deram a cara por elas.
4)Foram eles que viram o seu líder ser reconhecido internacionalmente, ao ponto de ser promovido a Presidente da Comissão Europeia.
5)Foram eles que enfrentaram sucessivamente os poderosos e a imprensa instrumentalizada e suportaram a sua reacção violenta (contra PSL) contra o facto de também serem chamados a contribuir para a recuperação das contas nacionais delapidadas pelos anteriores governantes (sim, os que se preparam para voltar).
6)Foram eles que foram (efectivamente) vítimas de um Presidente sectário, partidário e desleal perante metade dos Portugueses, a quem jurou lealdade, como nunca tinha sido visto em Portugal, conseguindo superar Soares que foi mais subtil no seu ataque, menos drástico - mas mais insistente).
7)Foram eles que suportaram o golpe palaciano de Sampaio, cortando a legislatura a meio, justamente quando, depois do difícil percurso dentro do pântano, chegavam a terra firme e se iniciaria o período em que a população começaria a sentir melhorias.
8)Foram eles que viram meros episódios (troca de ministros) amplificados pela imprensa ao ponto de serem transformados em "crise" que serviu de justificação para o golpe constitucional atrás indicado.
9)Foram eles que suportaram todos os índices e referenciais negativos (défices, PIB, despesas píblicas, desemprego) herdados, por inércia, do período de (des)governação socialista que nos deixou, sós e às escuras, no meio do pântano. Afinal, pelos menos dois anos medeiam entre a definição de políticas e os respectivos resultados.
10)São eles que apresentam as melhores pessoas como garante de reformas (os actuais ministros da Justiça, Economia, Saúde juntamente com Cadilhe e outros).
11)São eles que poderão garantir que não teremos de novo a "tralha guterrista" que nos farão regressar ao pântano.
12)São eles que nos poderão evitar as indecisões (paixões, diálogos, consensos) socialistas.
13)São eles que poderão evitar que as unicas decisões tomadas sejam, justamente, as mais erradas, ou sejam, as avalizadas, quer pela CDU, quer pelo BE.

E eles têm uma personificação actual : Pedro Santana Lopes.
Por tudo isto, e muito mais, o melhor voto, será o voto no PSD.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

A minha "sondagem"

PSD 88 PS 107 CDS/PP 14 CDU 10 BE 7
Total 226 (Falta atribuir os quatro deputados da emigração)
Votantes: 65%

Por Distrito/RAs

Aveiro 7 6 2 - -
Beja - 2 - 1 -
Braga 8 9 1 - -
Bragança 2 2 - - -
Castelo Branco 2 3 - - -
Coimbra 4 6 - - -
Évora - 2 - 1 -
Faro 3 5 - - -
Guarda 2 2 - - -
Leiria 5 4 1 - -
Lisboa 15 21 4 4 4
Portalegre 1 1 - - -
Porto 14 18 3 1 2
Santarém 4 5 1 0 -
Setúbal 4 8 1 3 1
V. do Castelo 3 3 - - -
Vila Real 3 2 - - -
Viseu 5 3 1 - -
Açores 2 3 - - -
Madeira 4 2 - - -

Como se vê, todos ganham, excepto Sampaio...

Embuste até ao fim

Foram divulgadas as últimas sondagens. Manteve-se o embuste até ao fim.
Vamos ao da SIC, gerida pelo Sr. Oliveira e Costa, conhecido colo de Sócrates e PS de todos os costados.

Faz-se uma sondagem a duas mil pessoas (e pretende-se que oito milhões fiquem retratadas), entre 9 e 14 de Fevereiro (a 11 dias das eleições e antes do último debate). E neste, Sócrates espalhou-se…

Indica-se que a abstenção será 13% (!!!). Sabemos que será perto de 40%. Mesmo dando, de barato, que 15% da lista de inscritos são nomes de ausentes e falecidos (não encontrados pelas sondagens), teremos um total de 12% (40-15-13) dos que responderam (qualquer coisa) que não irão às urnas. E, neste caso, e se isto acontecer, teremos o efeito do vencedor antecipado. Logo, menos votos no PS…

Desde o início sabe-se que as sondagens são direccionadas para retratar o sucesso do PS. Desde essa altura, foram denunciadas. É normal esperar muito mais recusas em participar nas mesmas por parte dos eleitores de centro-direita. Eu faria isso. Disso falou o próprio Oliveira e Costa há 15 dias, comentando indicações de Santana Lopes para que ninguém entrasse nesse embuste. Disse Oliveira e Costa que isso prejudicaria o PSD pois os seus números (nas sondagens) cairiam. Corrijo o senhor: isso prejudica as sondagens que ele faz. Que perdem grande parte (ou toda) a sua validade. Quando ao PSD, aguardemos o dia 20...

Quanto aos indecisos, dizem algumas sondagens (TVI, de mil entrevistas) que partem “do princípio que os indecisos se distribuem de forma directamente proporcional às intenções de voto”. Ora, partem de um princípio errado. Porque os indecisos serão abstencionistas ou votarão centro-direita. São os que, usualmente votando PSD, ainda se encontram semi-intoxicados pelo gigantesco embuste antidemocrático que foi esta campanha eleitoral. Provocado por Sampaio e amplificado pela imprensa.

Mas a última semana e o debate a 4/5 foi clarificador. Nos indecisos não haverá muitos PS. Mas haverá muitos PSDs. Que já deverão ter percebido que o que se passou nos últimos 30 meses não foi mais do que um difícil percurso entre o meio do pântano (onde nos deixou Guterres e Sócrates) até terra firme. Onde todos foram chamados a contribuir de alguma forma. Com dificuldades que geraram insatisfação. Pela primeira vez também foi chamado a essa colaboração quem usualmente não o era (bancos e uma míriade de empresas não pagantes de impostos). Alguns pontos mais para o PSD.

Mas, mais: a sondagem da TVI calcula os deputados como se apenas existisse um único circulo eleitoral nacional. Sebe bem ele que nada disso é válido. Mas mantém o embuste… Os 46% no PS nunca darão mais de 120 deputados (provavelmente 117 a 118) mas, insiste na falácia e indica 125!

Finalmente, vem sempre ao de cima o caso das Autárquicas de Lisboa. Diz sempre o Sr. Oliveira e Costa que não foi ele que a fez. Pois, mas não será o caso presente o mais semelhante a esse? Dez pontos de diferença esfumaram-se nessa altura. A 20 de Fevereiro poderão não ser 10. Tudo bem. Bastará metade. E, com a costumada valorização do PP (face às sondagens), ficaremos com: 40% - 35% - 10% - 8% - 7% (mais um menos um) para PS-PSD-PP-CDU e BE.

Ganharão todos menos Sampaio. Que encontrará o seu caminho na noite de 20 Fevereiro, como Guterres encontrou numa outra noite em 2001, desaparecendo, com o rabo entre as pernas, na névoa do pântano onde nos deixou, às escuras e sós.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

E Sampaio?

Sampaio não percebeu ou não quis perceber o que se passava no País. Ou simplesmente (o que será mais certo), quis imitar o seu correligionário Soares, marcando o seu segundo mandato com procedimentos não de um Presidente de todos os Portugueses, mas de um militante do PS (terá encontrado o cartão numa gabardina antiga?) que quer o seu quadro no vão de escada da sede no Largo do Rato..

O País foi largado cego e perdido no meio de um pântano no final de um período económico expansionista (o que agravou e de que maneira o problema), por um grupo de senhores a que chamaremos, por simplificação, “tralha guterrista”. Onde se inclui um senhor Sócrates, Engenheiro, agora candidato a 1º Ministro.

Não se conheciam as contas públicas, o País arriscava um corte nos financiamentos comunitários, urgiam as reformas, o emprego e as benesses públicas (o tal “monstro” identificado por Cavaco) tinha atingido dimensões gigantescas e iniciava-se um período económico de recessão (a Al-Qaeda tinha actuado, o petróleo iniciava uma escalada, as bolsas tinham sofrido com o rebentamento da bolha tecnológica, a China começava a absorver o mercado mundial de manufactura e vinham aí, para dentro da EU, novos Países). Incapazes que conduzir o País em direcção de “terra firme” (o que foi reconhecido pelos próprios) desapareceram no meio da “névoa” do pântano, abandonando tudo e todos à sua sorte …

Realizaram-se eleições e um grupo de pessoas, de boa vontade, aceitou enfrentar a situação. Os Portugueses foram informados da situação (discurso da “tanga”) e iniciou-se o penoso e difícil percurso em direcção a “terra firme”. Muito caminho por fazer, direcções por encontrar. Ainda no pântano e com todos os indicadores económicos e de emprego a caírem por inércia. A situação externa em nada ajudou. Bem pelo contrário. O petróleo escalou até atingir recordes de sempre, a China cresceu de forma inesperada penalizando industrias internas, iniciou-se um período de guerra no médio oriente, as economias deixaram de crescer perdendo-se o efeito das “exportações” na economia do País.

Dois anos passaram. Entretanto, Durão Barroso atinge a liderança da Comissão Europeia. Sinal de capacidade reconhecida. Dois anos. Foi o tempo necessário para, com políticas difíceis, chegar a “terra firme”. Ali chegados, quem encontramos? Sampaio com um cutelo, “corta” a legislatura a meio. E, logo atrás, quem está para pegar no poder? A tralha guterrista.

O que não entenderam muitos?

As políticas levadas a cabo nestes 2/3 anos foram de uma simplicidade e justiça relevantes. Infelizmente, só agora se começa a entender isso, por detrás do “barulho ensurdecedor” criado pela imprensa manipulada (de que a TVI é o exemplo mais relevante).

Todos fomos chamados a contribuir no esforço bianual para a saída do “pântano” em que nos deixou a “tralha”. A função pública, sem possibilidades de redução rápida da sua dimensão contribuiu, em massa, com 2 a 3% anuais do seu poder de compra (a inflação não reposta). Mas mantiveram os seus empregos.

Calhou um pouco a todos. O sector privado, viu “morrer” as empresas menos preparadas (o que não é mau de todo), tendo o aspecto negativo caído em parte dos seus trabalhadores, através do desemprego que subiu para níveis de 98 (a meio da fase de Guterres), mas ainda longe da média europeia. Aqui a justiça na “contribuição” para o processo de saída do pântano é contrabalançada pelo aumento dos subsídios de desemprego.

Mas, lançaram-se reformas e actuou-se na Saúde (gestão hospitalar e genéricos), no sistema fiscal (sua eficácia e aumento da contribuição do sistema bancário). Rendas, Justiça e outros sectores foram dinamizados. Precaveram-se os mais desfavorecidos (os ordenados mais baixos não tiveram desgaste, os escalões IRS baixaram, as reformas continuaram a convergir para o salário mínimo que também cresceu). O IRC baixou. Simplificou-se a Siza. Faltou a Educação. Aqui, foram identificados os problemas, mas as corporações foram mais fortes.

Ou seja, as políticas restritivas calharam a todos. Que melhor justiça poderia haver nas decisões tomadas? Nenhuma.

Mas, atingindo todos, criou-se uma “insatisfação” global que, ampliada pela imprensa instrumentalizada de esquerda, se traduziu numa fase de “crise” que, se verá no futuro, se revelará meramente “superficial”. É apenas o resultado de todos termos contribuído um pouco para a saída do pântano. Não apenas os trabalhadores por conta de outrem como era usual. Mas todos. Incluindo os poderosos. Não há ninguém satisfeito (pois calhou a todos), mas não há ninguém muito insatisfeito (veja-se que em 2004 quase não houve problemas laborais no País). Pela primeira vez o capital foi chamado a essa ajuda. A imprensa e os bancos reagiram negativamente. Pela primeira vez muitas empresas pagaram impostos. Foram chamados à recuperação do País. Reagiram também. Contra Santana.

Sampaio leu mal a situação e a sua costela socialista fez o resto.

A crise existe, mas é superficial. A sua dimensão deve-se ao efeito amplificador da imprensa e não a qualquer indicador económico. Numa análise fria, não desconsiderando aqueles que perderam o seu emprego, poderemos concluir que chegamos finalmente a “terra firme”. Saímos do “pântano”. Dentro em breve, todos sentiríamos isso.

Mas lá chegados, vamos entregar o poder a quem nos “afundou”? Não. Voto na continuidade. Voto na justiça social. Voto nas políticas que assegurem o contributo de todos, equilibradamente, na saída da crise (primeiro), no crescimento económico e melhoria da qualidade de vida (depois). Porque é esta a sequência correcta. A sequência que Sampaio não deixou que se completasse. Daí que, se Portugal souber encontrar a direcção correcta a 20 de Fevereiro, Sampaio deverá encontrar a sua. Como Guterres numa noite em 2001…

Chegou a hora da decisão

Está no fim a campanha eleitoral. E pouco ou nada mudou. Os cinco partidos relevantes mantiveram o seu eleitorado fixo. Nada do que sucedeu na campanha terá provocado quebras significativas nesses grupos. Mas, o que se passará nas franjas centrais (entre o PS e o PSD) e nos grupos minoritários de eleitores que circulam entre dois partidos (à esquerda do PS e à direita do PSD) e que decidem os níveis de abstenção, vitórias, derrotas e maiorias.

1)Julgamos que estão reunidas as condições para que a abstenção seja, no mínimo contida. A decisão de Sampaio em interromper a legislatura “acordou” muita gente. E o discurso “vitimista” de Santana vingou. Porque era lícito. Muita gente, social-democrata de raiz, mas inconstante na ida às urnas, revoltou-se com a injustiça criada pela impossibilidade da conclusão da legislatura. Assim, não só os indecisos (que foram esclarecidos nos últimos dias) como potenciais abstencionistas serão acrescentados aos números do PSD (que recuperará até aos 35%) e ao PP (que ficará junto aos 10%).

2)Á esquerda, teremos uma CDU que recuperou alguma nostalgia conservadora. E é sobre essa recordação que fará um resultado muito aceitável. Digamos que terá o seu “grito de ipiranga” neste acto eleitoral. Apontamos para os 8 a 9%.

3)O Bloco de Esquerda. Potencialmente o partido com maior capacidade de crescimento. Pelo que crescerá. Mas muito menos do que seria de esperar. Porquê? Porque, com a perspectiva de atingir o poder junto ao PS (no governo ou através de acordos de qualquer tipo) amoleceu a sua atitude normal. O líder quis reduzir a sua usual arrogância a fim de obter junto ao eleitorado alguma postura “ministeriável”. E perdeu muito. De 9% possíveis numa outra postura, terá (um bom resultado) próximo dos 7%.

4)Finalmente o PS. Suportado por todos e por todo o lado de uma maneira esmagadora e escandalosa (imprensa, “senadores”, sindicatos, coorporações, capital, etc) “construíram” o maior embuste anti-democrático visto em Portugal num acto eleitoral, viu-se metido numa camisa de 7 varas. Não tinha discurso possível. Não poderia apontar quaisquer objectivos. Quaisquer medidas. Com o risco de o que poderia dizer para agradar a um lado, degradaria ao outro. E vice-versa. Não passou a mensagem (porque esta não existe). E, perante a extrapolação desta situação para a governação, teríamos mais uns anos de estudos, diálogo e indecisão. Ou seja, o que nos levou (e nos levaria de volta) ao pântano. Assim, restará ao PS pouco mais (induzido pela imprensa instrumentalizada) do que a sua base eleitoral fixa (que é, no entanto, a maior de entre todos os partidos). Os números dificilmente subirão dos 40%.

domingo, fevereiro 13, 2005

Os seis colos de Sócrates

Imprensa - o primeiro
O maior e mais descarado dos colos. É uma autêntica guerra. Um massacre nunca antes visto em Portugal. São todos contra um. Um ou outro caso de idoneidade até passa despercebido. Os jornais inventam notícias, os comentadores são sectários até dizer chega. Os pivots de alguns telejornal "assinam" notícias com comentários jocosos sobre a peça que acabou de passar. Os reporters da TV nos comícios, em directo, parecem preocupados (insistindo) em anotar que “estão a sair pessoas…” – perante uma enchente indisfarçável do espaço e depois do comício terminar (Guimarães…6/02)

Capital - o segundo
Pela primeira vez foram colocados em questão os exagerados benefícios fiscais da banca. Por iniciativa de um Governo. Sentiram e contra-atacaram. Mas é um colo que está a abrandar o seu apoio. Já perceberam (pelo discurso de Sócrates) que vem aí mais um período de desgaste das finanças públicas. Mas, pior a emenda do que o soneto: também devido à sua intervenção, e sem maioria absoluta do PS, arriscam-se a enfrentar as ideias do Louçã sobre o assunto … por iniciativa de um Governo.

Corporações - o terceiro
Algumas mudanças foram iniciadas. As classes dominantes sentiram-se tocadas nos seus privilégios que prejudicam o futuro do País. São os Médicos com os genéricos e a gestão hospitalar. Os Advogados que vêm a Justiça “das manobras dilatórias” ser posta em causa. Os Farmacêuticos com o seu negócio fechado em risco. Os Professores, ainda “donos” das Escolas (que interessam os alunos?) com remunerações e regras de trabalho sem paralelo na Europa.

Povo esquecido - o quarto
Que estará esquecido (é preciso continuar a lembrar) de que foram todos estes, que se preparam para voltar a governar que criaram toda esta situação. Fugiram dizendo-se incompetentes para inverter a situação. Abriram a ferida. Depois, ingenuamente, vieram outros. Estancaram a hemorragia. Trataram a ferida. Quando se preparavam para dar o usufruto ao País. Trás. Apanharam com o cutelo do Sampaio…

Senadores (incluindo Sampaio) - o quinto
Os velhos do Restelo. Neste caso os “velhos” da revolução e da constituição. Soares, Freitas, Vital Moreira, etc. Todos eles que, tendo sido importantes na mudança para a democracia, criaram este país. Fizeram esta Constituição. E que nunca concordarão que tiveram o seu tempo, que o seu trabalho atingiu os seus limites. Que precisa de mudança e renovação. Mas, enquanto puderem falar, lá demonstrarão a sua oposição à mudança. E terão os microfones na sua frente. Sim, os microfones empunhados pelo outro colo… O primeiro, em cima.

A tralha guterrista - o sexto
Só faltava esta malta. Três anos metidos num buraco. Sem opinião. Envergonhados. Noutras lutas, na Casa Pia, pelo Mundo, pela Europa. A assistirem aos outros a emendarem a sua mão. A imporem tempos difíceis à população. A estancar a hemorragia, a curarem a ferida criada.
Agradecem a Sampaio com todas as suas forças. Pois, este não deu tempo a Sócrates para mudar as caras. Cá estão eles. Prontos para mais uns anos asneiras sucessivas. De atraso do País. Para depois, novamente, volta o disco e vêm outros colocar tudo no lugar.
Formigas… Cigarras…Formigas… Cigarras… Formigas, outra vez Cigarras...


Será que vamos a tempo de inverter isto até 20 de Fevereiro?

Infelizmente, julgo que não.
Os colos e Sampaio foram determinados e têm a faca e o queijo na mão.
Resta-nos lutar até ao fim, para reduzirmos os prejuízos para o País…

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

O Triunfo dos Porcos?

No final da sua obra, George Orwell, colocava os animais à janela da mansão da Quinta, onde, no seu interior decorria uma festa onde os Porcos e os Homens se divertiam. A grande dificuldade era fazer a distinção entre uns e outros.
Agostina Bessa-Luis afirmava, ontem, que dificilmente reconhecia diferenças entre Sócrates e Santana Lopes.

Mas, a realidade é que precisamos de escolher um para nos dirigir durante os próximos quatro anos, dando de barato que não teremos "sampaios" pelo meio.

Assim, a escolha dos Portugueses torna-se agri-doce: amarga porque a escolha está limitada, doce porque, na prática se torna simples. E porquê?

Sócrates é suportado pela Esquerda. Ora, esta é conservadora e o Paí­­s precisa (todos o dizem) de mudanças. A Constituição é um dos principais travões a essa mudança. A sua alteração “precisa" do centro-direita, sendo, certamente, inviabilizada pela esquerda conservadora (a bengala de que Sócrates precisará).

O Paí­s entenderá que o pântano foi criado pelos que vão assumir as rédeas do poder se Sócrates ganhar. E tudo voltará ao mesmo. A “tralha guterrista" voltará com as mesmas polí­ticas voluntaristas, as mesmas boas intenções, mas a mesma incapacidade de criar a riqueza necessária para esse efeito, deixando a “conta" para os “governantes que se seguem.

O Paí­s vai perceber que Sócrates está a ser levado ao colo pelo capital, pelos não pagantes de impostos, pela imprensa que gosta (e precisa) de “sangue" (e trapalhada) para vender… Por muito choro que os estrategas socialistas inventem, tentando colar o colo de Santana a outros colos boateiros. Afinal, entenderam eles, Sócrates também precisa da sua quota-parte de vitimização…
Daí­, toda esta cena.

A esquerda vai dar-lhe uma resposta, fazendo crescer a votação no BE e “suspendendo" por algum tempo a queda do PC. Porque não é possí­vel estar com Deus e com o Diabo. E esta, é a camisa de sete varas de Sócrates : é apoiado (hoje) por forças contraditórias. Não é um apoio sustentado e, vai cair até 20 de Fevereiro, mesmo que não até ao ponto de perder as eleições. Apenas porque o "colo" é muito forte.

E Santana Lopes?

Foi ví­tima. Sem dúvida. Numa parte (pequena), culpa sua, fruto sua inexperiência como 1º Ministro. O princí­pio de Peter esteve perto de ser aplicado. Mas, como bom camaleão político, rapidamente lhe daria a volta. Não teve tempo. O socialistão Sampaio tratou de cortar as asas que se arriscavam a levar Santana a uma vitória dentro de dois anos…

Iniciou várias reformas significativas (impostos, administração pública, rendas, defesa, saúde, eficácia fiscal). Que se juntam a outras, de Durão. Com o tempo, os que estão a levar Sócrates ao colo até ao poder, até já vão reconhecendo isso mesmo. Era vê-los naquela mesa de jornalistas na SIC-Notí­cias, após o debate, a reconhecer isso (só porque estão certos da vitória de Sócrates, que sustentam). Será já a segurança dessa vitória que lhes faz virar o discurso para a verdade?

Santana não poderá, com justiça, ser confrontado com os 2 anos e meio de governação do PSD-PP. Afinal uma legislatura é de 4 anos e não deixaram (Sampaio não deixou) que fosse cumprida. Apenas se permitiu que se estancassem as “feridas" deixadas por Guterres (e Sócrates). Foram dois anos de sacrifí­cio a que se seguiriam dois anos de convalescença e crescimento. Não deixaram. Não é possí­vel procurar por e exigir pelas promessas feitas.

Daqui se resume: Só a opção PSD-PP poderá assegurar alguma evolução. E trazer justiça à situação criada por Sampaio.

O espectro polí­tico português é mais ou menos simples. Cada partido tem os seus núcleos fixos e há uma faixa variável que se desloca de um para o outro partido decidindo vitórias, maiorias, derrotas e quedas em cada situação.

O núcleo fixo do PS é maior do que o do PSD. Mas este último partido mobiliza mais facilmente os indecisos. A faixa que flutua entre ambos. Daí­ a sua capacidade, já demonstrada, em ter maioria absoluta sozinho e a incapacidade do PS, também já vista de a atingir.

E isto é fácil de explicar. Como vimos, actualmente, o PS é suportado por “forças" totalmente contraditórias. Se quer agradar ao capital e à imprensa (que o estão a levar ao colo) acaba por perder a esquerda (à conta do PC e do ainda mais perigoso – para o PS – BE que não tem o estigma das “criancinhas ao pequeno almoço" mas das “tias de Cascais"). Se se vira mais à esquerda, com o discurso da pobreza (como se este assunto fosse exclusivo dessa esquerda) perde a classe média que está farta de levar cacetada.

Como o PS não se está a comprometer com nada, por todas as razões atrás indicadas, vai perder dos dois lados. Talvez perca menos do que se optasse por fazer um discurso virado para um deles. Mas perderá o suficiente para não obter a maioria absoluta.

O PS terá cerca de 40% (que já não é nada mau para os guterristas pantanosos, mesmo atendendo aos colos que tem usufruí­do).
O PSD acrescentará 10% (dos actuais indecisos) ao seu núcleo base de 25%. E esta é a grande alteração que justificará a falácia das sondagens.
Os outros três ficarão muito próximo uns dos outros entre os 8 e 10 por cento.
O PP próximo dos 10% que ambiciona.
A CDU estancará a sua queda dos últimos anos e o BE crescerá à conta do discurso que o PS será obrigado a fazer para impedir que os indecisos votem PSD.

E, perante a embrulhada criada, Sampaio demite-se …