sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Escutas e Liberdade de Expressão: Verdades e Mentiras

Ontem, terá dito o Primeiro-Ministro, José Sócrates que nada sabia do negócio entre a PT e a TVI, bem como sobre um plano mais amplo para incrementar o domínio sobre a comunicação social portuguesa.
Explorou a separação entre o cargo institucional do Chefe de Governo (que é informado, institucionalmente, por escrito) e o cidadão comum Pinto de Sousa, que corre mini-maratonas e tem um grupo de amigalhaços pessoais com os quais fala ao telefone. Porreiro, pá.

Pois. O PM de nada sabia. Quanto ao que o Pinto de Sousa discutia com os amigos, ninguém tem nada com isso e é crime dizer de que tratavam nas suas cavaqueiras telefónicas.

E isto foi o que se apanhou… Imaginem-se todas as outras conversas que ficaram e ficarão por conhecer. Porque ninguém tenha ilusões: só conheceremos 1 em cada mil conversas…

E, mesmo assim, ilegalmente. Dizem agora outros amigalhaços, conhecidos pelas siglas PGR e PSTJ.

Há dias o PSTJ dizia ter mandado destruir algumas escutas. As que ouviu. Pois não conhecia (e por lei não tinha que conhecer) as outras. Pegou no puzzle (162 peças), só olhou para algumas (12) e, não “vendo” nessas 12 peças qualquer imagem, mandou-as destruir. Claro que agora, o puzzle ficará incompleto. Para quem o terá de analisar. A lei impõe, a justiça que se lixe…

Mas ontem, o tal de PGR até confirmou o tal plano maquiavélico. Só que, garantiu ele, o PM não tinha conhecimento. Até descobriu que numa das escutas o Pinto de Sousa referia esse desconhecimento. Deviam dizer ao tal PGR que a certa altura os escutados souberam que eram escutados. E que trataram todos, quase em simultâneo de mudar de números. Quem explica ao tal PGR que, na sequência do caso, poderão os escutados ter ficcionado algumas conversas, para confundir os escutantes mais ingénuos?
Tais como o tal de PGR…

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Congelamento dos salários da função pública

O congelamento dos salários, por si só, não é má medida. Afinal, o País precisará de gastar menos porque não produz o suficiente.
Infelizemente, estamos nisto desde 2000. Medida justificada sempre pelas mesmas razões. Os salários são contidos, mas logo aparecem mais subsídios aqui, rendimentos mínimos acolá, TGV acima, Aeroporto abaixo... Redistribuições socialistas de riqueza que não temos.
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Dez anos depois, estamos com um déficite de 9,3% no final de um ano eleitoral de 2009 em que o inenarrável ministro Teixeira dos Santos nos brindou com uma gestão que nos endividou em mais quinze mil milhões, mas assegurando (a todo o custo) a manutenção do PS no poder.
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Em 2010 recomeça o sacrifício dos funcionários públicos mas, aparentemente, sozinhos. Talvez com a Madeira. Pois 8,3% não é número que se apresente para convencer que há qualquer outro esforço no sentido necessário...
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Infelizmente, chegamos ao fundo. E com a democracia em sério risco. A maioria dos subsidiados passou a ser determinante em qualquer processo eleitoral. Quem prometer fazer o que Portugal precisa, perde as eleições. Assim, para as ganhar vai ser necessário mentir. E as tais medidas necessárias só serão tomadas quando a isso formos obrigados pelos nossos credores, mascarados de aliados. Tal como vai acontecer com a Grécia (pouco) antes. Resta saber como vai a irrealista esquerda portuguesa reagir, na rua. É aí que se jogará o futuro do País, como democracia.

Escutas Sócrates e Supremo: acham isto tudo normal

Era uma vez um puzzle com cento e sessenta e duas peças. Montado, permitiu que um procurador e um juiz encontrassem vestígios de hipotético crime. Como em 12 das peças aparece a figura do 1º Ministro, tratam de envia-las, para juizo superior. Este, "limitado" à análise daquelas 12 peças, nada consegue ver (do puzzle, muito maior), mas consegue (porque mistério) decidir: destruam-se as peças. Mas, destruindo essas peças que (sozinhas) nada permitem concluir, limitam a visibilidade da imagem global que resulta do puzzle de 162 e não de 150 peças. Com 150 peças, o puzzle fica limitado, com espaços vazios e a imagem (toda) poderá ser insuficiente. Assim, safam-se todos. Que treta de justiça temos em Portugal ... E esta malta que ali manda acha tudo normal e tem a lata de aparecer na televisão afirmando que assim se faz, porque assim diz a lei. Justiça? Qual justiça? Para que servem juizes e supremos? Bastaria um computador com a base de dados das leis nacionais que decidiria com mais justiça em perguntas sucessivas de respostas sim/não...

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Teixeira dos Santos e o peso da Madeira no déficit

Em resposta a Almunia e às agências de rating anglo-saxónicas, ficamos ontem a saber que o Ministro das Finanças fará tudo, mas mesmo tudo o que estiver ao seu alcance para impedir que o deficit orçamental cresça … 0,035%.

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Que irresponsabilidade. Teixeira dos Santos considera-nos a todos e a eles, como tolos...

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A Madeira (diz ele) terá que se submeter à lógica do endividamento nulo e deficit zero enquanto o País apresentará (com o seu "enorme" esforço) um deficit de 8,3%, em 2010. O que, comparado com os 9,3% de 2009 e considerando o congelamento de ordenados públicos significam apenas … mudanças zero.

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E em 2009, note-se, aquele governante também fez um enorme esforço (?), para combater a crise, endividando-se como nunca (15 mil milhões de Euros), com base num deficit de 9,3% do PIB (o que significa, contas redondas, que terá gasto mais 20% do que assegura em receitas). Mas a Madeira… não. Terá que se manter na linha.

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Sócrates e Teixeira dos Santos vão enterrando o País, mas… a Madeira é que é despesista. Obtêm autorização de endividamento (após o orçamento rectificativo) de 15 mil milhões. Mas o Governo Regional, se quiser fazer o mesmo no valor de 50 milhões – para responder, na Madeira, à mesma crise e à mesma quebra de receitas fiscais - é despesista e gastador e terá que se "ajoelhar" a pedir a respectiva autorização.

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Tudo isto (crescimento exponencial do endividamento e deficit) fez Sócrates em 2009 para assegurar a implementação de medidas eleitoralistas (e despesistas) a encoberto da crise internacional. Ganhou as eleições.

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Tudo isto fará Sócrates em 2010, sustentado por mais um orçamento altamente deficitário, com vista a assegurar uma base despesista para as eleições que vai provocar (não tenhamos dúvidas) antes de entrarmos no período-sombra em que a Assembleia não pode ser dissolvida, prévio às eleições presidenciais.

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Dois anos seguidos com orçamentos eleitoralistas (apenas com as eleições em vista) que introduzem despesas estruturantes, de recuo difícil ou impossível nos anos seguintes. Que entregarão o País aos seus credores.

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Portugal? Futuro? Que se lixe…

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Déficit de nove virgula três (9,3%)

Lembram-se quando Constâncio, todo prestável, foi fazer “contas” ao deficit de Santana Lopes?

Somou todas as (possíveis) despesas que encontrou, mesmo aquelas que nunca se realizariam (em todos os orçamentos há dotações que não se gastam perante despesa que não se verifica) e chegou ao número desejado: 6,8%.

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Este artifício e esta conivência de Constâncio permitiu que Sócrates pudesse gastar o que tinha e o que não tinha, nesse (resto de) ano, pois a “culpa” (do valor do deficit naquele ano) já estava assacada e garantiu que ficasse empolado o ponto de partida (valor do deficit) de referência para a sua gestão posterior.

A partir daí, aumentou impostos, cortou nas Autarquias e na Madeira e desorçamentou despesas garantindo os 3% desejados em 2008.

Chegados a 2009, tínhamos eleições. Mas “felizmente”, também uma crise internacional. O que caiu que nem ginjas a Sócrates.

A coberto dessa crise, tratou de gastar à tripa forra: aumentou e criou novos subsídios, aumentou substancialmente os salários dos funcionários públicos e distribuiu dinheiro à economia “em crise”. Aliada às baixas taxas de juro bancárias e à inflação negativa, os portugueses (que não perderam o emprego) viram engordar o seu rendimento disponível de uma forma inaudita. E Sócrates ganha as eleições, poupando-se à penalização merecida.

Aquando da discussão (já quase no final de 2009) do orçamento correctivo, não se entendeu porque Sócrates solicitava autorização de endividamento tão alto, bem para além do deficit de 8% então previsto.

Agora entendemos. Tratou de aumentar a dívida até valores nunca vistos em dezenas de anos em Portugal, “comprando” o BPN e reduzindo as dívidas aos fornecedores até onde foram possíveis.

E chegou onde queria: um valor bem alto do deficit (9,3%) garantindo (outra vez) um bom ponto de partida para lançar 8,2% para 2010.

Oito vírgula dois seria sempre um valor alto se 2009 não ficasse acima dos 9%. E, como vimos, o despesismo eleitoralista de 2009 ficou bem “mascarado” por detrás da “crise internacional”. Daí que a despesa eleitoralista e a criação de uma referência bem alta em 2009 com vista a 2010 ficava plenamente conseguida.

A verdade é que o valor de 8,2% para 2010, diz-nos que Sócrates nada fará de substancial neste ano para corrigir o problema estrutural que consome Portugal. Pois 8,2%, aliado ao não crescimento de salários na função pública só poderá querer dizer uma coisa: que Sócrates vai estar à vontade em termos orçamentais e de despesa (que se lixe o deficit e a dívida) para enfrentar eleições já em 2010.