segunda-feira, julho 31, 2006

Ataque corporativo à Ministra da Educação

Considero que está a fazer um bom trabalho. Com alguma ingenuidade política (são feitas afirmações pouco contidas) e prepotência (as suas propostas pouco ou nada se alteram em processo de negociação). Curiosamente, junto à opinião pública, os seus defeitos têm-se transformado em mais valias. Cada vez mais, os sindicatos docentes estão mais isolados. Sócrates já se apercebeu da situação e apoia-a totalmente.

Dessa forma, as propostas são colocadas à discussão. Mas pouco (ou nada) mudam.
Felizmente, dessa forma, não são deturpados os seus grandes objectivos.
Infelizmente, também não mudam… para melhor

Perante esta situação, os sindicatos e restantes detractores estão à procura de qualquer erro da Ministra para a abaterem.

Apareceu esta dos exames. Da sua repetição.

Problema mal resolvido, mas que será remediado.

Situação sem importância. Mas ampliada até à medida da vontade dos inimigos da Ministra.

O problema resolvia-se mais simplesmente adaptando-se (deslocando-se) a curva de Gauss dos resultados obtidos até ao ponto em que a média atingisse o valor normal e pretendido.

Não tendo sido essa a solução, criou-se um problema que obrigou a um remedeio. Nada de mal, mas o suficiente para dali se criar um caso.

Resista Sra. Ministra. O sistema precisa de si. Porque, mudanças de dentro (leiam-se, sindicatos docentes) são impossíveis. É preciso impor. Infelizmente.

Quotas de género para lugares políticos

Sugiro, também, quotas mínimas por género no acesso ao Ensino Superior. Quarenta por cento é a minha proposta.

Terrorismo: cancro social

Perante um estado clínico desta natureza, a medicina apresenta várias formas de tratamento. Que são utilizadas em conjunto ou isoladamente. Normalmente, em conjunto.
Primeiro, uma intervenção cirúrgica que extrai a massa indesejada. O possível, o visível, o que está isolado. Depois, terapias de vários tipos: química, radiações, etc.
O que sabemos bem é que, se nada feito e a tempo, o problema expande-se e é irremediável.
Em todas as intervenções há “danos colaterais”. Células e partes sãs do corpo sofrem no tratamento. A saúde em geral é abalada. Ao ponto de, muitas vezes, a morte vir com o tratamento.

Mas, fazer nada não resolverá nada.

Já entenderam que não pretendo falar de medicina. Mas sim de terrorismo.

O terrorismo é um cancro do nosso Mundo. Utiliza todos os meios para sobreviver e, para eles, a sobrevivência é conseguida contra os outros. E assim, para bem do todo tem de, e deve, ser combatido.

Nada fazer ou ter a ideia que a negociação é uma saída é um erro.

Até há alguns anos, a situação estava confinada. As suas armas não eram globais e a sua área de acção era restrita. Entretanto, tudo mudou.

Os exércitos as sociedades livres tornaram-se inúteis contra este problema. Os ataques são feitos pela calada e espalharam-se a todo o Mundo.

É preciso actuar.

Como o cancro, é preciso operar o que é visível. Inverter a situação e eliminar as lideranças dos países onde, oportunistamente se possam ter instalado. Onde fazem a captação de voluntários e a sua formação. Dessa forma, eliminam-se os seus santuários, a residência fixa das lideranças e as respectivas fontes de financiamento. Depois actua-se sobre os remanescentes. Que passam a estar “invisíveis”, escondidos entre e por detrás de inocentes, que, irremediavelmente serão vítimas. Danos colaterais.

Com uma certeza. Fazer nada, e nada serve. O cancro tomará conta de tudo e a morte será certa.

Negociar? Nem pensar. Servirá apenas para que os terroristas ganhem tempo para ficarem mais fortes.

Chorar, evitar e tentar reduzir os “danos colaterais”? Sim, mas entender que são parte da solução.

Certo é que se pode fazer alguma prevenção. Mas isso só é viável, antes do problema aparecer. Assim, antes, é preciso tentar desenvolver as sociedades e os países de onde são originários os terroristas. Reduzindo o seu apoio e base de captação. Educando e democratizando. No entanto, uma tarefa para gerações.

Mas, o que é certo mesmo é que, onde o problema do terrorismo é já uma realidade, não vamos lá com “paninhos quentes”.

sábado, julho 08, 2006

Professores têm (mesmo) muitos dias de férias

É usual se ouvir que os professores têm muitos dias de férias. Três meses no Verão, Páscoa, Natal, Carnaval.
É também usual a resposta corporativa de que não, os professores têm que assegurar a época de exames, a preparação do ano lectivo, a realização de avaliações.
Ambos têm razão e os segundos não dizem tudo.
A proposta (em discussão) para o novo ECD não apresenta alterações nesta matéria. Então como era e como vai ser?

Os professores têm, efectivamente, o mesmíssimo número de dias de férias que os restantes funcionários do Estado. Nem mais nem menos. Esses dias de férias devem e só podem ser gozados num determinado período em Julho, Agosto e Setembro, entre o final e o início das actividades lectivas (aulas).

Então, porque aquela ideia de haver muitos dias de férias?

Para além dos dias de férias, os professores (educadores também) têm direito ao que chamam de dias de interrupções da actividade docente. Um “buraco cinzento” que mantém toda a indefinição do passado e que deu origem às mais perversas interpretações dos sindicatos corporativos e que origina a ausência (do trabalho) dos professores por muitos dias, das suas escolas. Nada mais, nada menos do que (mais) 30 dias por ano (de férias encapotadas).

Suspeito que, aqui, a Ministra e os seus acessores, não perderam a sua veia de professores, e prenderam-se a benefícios que lhes deram direito a muita descontracção e pouco trabalho…

O que diz a lei? Simplificadamente que os professores podem tirar mais 30 dias de férias, em 3 blocos de 10 dias. Sem se esclarecer se são úteis ou seguidos. Pressupõe-se que no Natal, Páscoa e Férias de Verão.

Vão dizendo que, nessa interrupção, podem ser chamados à escola para fazer serviços necessários. O que nunca acontece pois quem os chamaria são os Dirigentes que por eles foram eleitos e que, quando voltarem ao lugar de professores não desejarão ter os colegas a os chamarem, nessas alturas, para o trabalho. Assim, férias…

Mas, mais. Gastos 10 dias no Natal e outros tantos na Páscoa, ficariam 10 dias para juntar às (verdadeiras) férias, no Verão. Ora, não marcados individualmente, esses 10 dias esticam e acabam por ajustar as férias (férias+interrupção docente) dos professores às … férias dos alunos (interrupção das actividades lectivas).

Se alguns professores têm que assegurar serviços de exames, a maioria não (só há exames no 9º ano e no Ensino Secundário). E aos professores há que juntar os Educadores. Que nunca terão exames para assegurar.

Mas esses dias servem para muito mais. Ao longo do ano lectivo os professores podem faltar por conta do período de férias. Como as férias dos professores são o “buraco cinzento” atrás referido, na prática, não há qualquer compensação efectiva por aquelas faltas. Muito menos para os alunos, vítimas deste procedimento.

Pior é o facto dos sindicatos corporativos, perante este tipo de clarificação, começam a alegar desgastes profissionais e necessidades de maior descanso, deitando “areia para os olhos” da opinião pública quando, durante uma parte desse período estarem muitos professores a exercer outras actividades, remuneradas, no âmbito de campos de férias. Ou seja, recebem (continuam a receber) o seu ordenado, não estão de férias, deveriam estar a descansar, mas estão a exercer actividade e remunerada…

Ora, até admitiria a manutenção desta excepcionalidade em que se alargam, na prática, as férias docentes. Mas:

1)Só 10 dias no Natal e 10 dias na Páscoa. Seguidos (não úteis) e registados e identificados pessoalmente. E garantindo que as respectivas escolas mantém-se em funcionamento pelo que não haveria simultaneidade na atribuição destes dias de descanso.

2)No Verão, onde as férias são colocadas obrigatoriamente, estes dias não se poderiam colar… Clarificando o período de descanso. E dias de férias pagas são dias de férias pagas. Daí que não seriam admissíveis situações de trabalho extra (campos de férias). Afinal estes trabalhadores são pagos para descansar. Para que se apresentem “frescos” e produtivos na entrada do novo ano escolar.

Mas, infelizmente, a proposta da Ministra, que está sobre a mesa, não clarifica estes aspectos. Pelo que, tudo ficará (mal) na mesma…

domingo, julho 02, 2006

Professores: uma luta sindical “desfocada”

A Ministra da Educação está a corrigir desequilíbrios.
Dizem os sindicatos que está a “tocar” em direitos adquiridos. Não está.
Estão apenas a ser repostos deveres, há muito incumpridos.
Os sindicatos, acossados nos seus hábitos reagem desencadeando atitudes de “vitimização” emocional numa classe pouco habituada a exigências. E dá razões para que a Ministra classifique publicamente, a ideia de que a classe docente é, toda ela, pouco cumpridora. E não é assim.
Os sindicatos estão a lutar por causas erradas.

Os sindicalistas defendem, acima de tudo, os seus próprios interesses: recebem o ordenado das suas escolas (pago por todos os contribuintes) sem lá porem os pés e somam a essa remuneração, outras, na organização (e monitorização) das acções de formação promovidas pelos sindicatos. Esta situação resulta das concertações sociais feitas ano após ano com as tutelas. Os sindicalistas cediam aqui ou ali, contribuindo para o sucesso das negociações, ganhando em troca, esses benefícios (para si e não para quem representavam): emprego sem trabalho e verbas sem fim para formação (que acabavam, também, nos seus bolsos). Tudo isto em paralelo com uma repetitiva atitude de total oposição a todas as tentativas de alteração (e melhoria) do sistema.

Mas, não podendo fazer essa defesa em termos públicos, vão lutando pela manutenção do “status quo” (pensando em si). Esquecem (intencionalmente?) que a situação vigente apenas protege aqueles que faltam, que não produzem, que não trabalham e que são saltimbancos de escola em escola… Pois os bons professores em (quase) nada sairão prejudicados pelas medidas que estão, paulatinamente, a ser tomadas. Porque já fazem tudo o que agora passa a ser exigido: trabalho e qualidade. A diferença é a devida: apenas estes últimos serão promovidos. E os outros, ou mudam a sua atitude, aumentando e melhorando a sua prestação, ou se mantêm a receber (apenas) o seu ordenado base. O que até já será demais...

Distraídos na defesa de privilégios incomportáveis (para todos), os sindicatos esquecem o que é importante: a defesa pelo emprego e por mais emprego.

E assim, por exemplo, na Escola a Tempo Inteiro, muito emprego docente está a ser deitado fora em benefício de monitores, tarefeiros, empresas particulares e professores avulsos (sem colocação na escola e/ou originários de outros níveis de ensino, em complemento de horário).

A solução? Existe.

Em benefício da qualidade da Escola (famílias e alunos) e do emprego e trabalho dos professores. Basta ter, como base das ETI, não uma Escola de Turno Único, que liberta apenas duas horas diárias para as actividades não curriculares e que não dão emprego a ninguém, mas uma Escola de Turno Duplo onde metade das turmas têm actividades curriculares de manhã e a outra metade as têm à tarde. Neste esquema de funcionamento, bastam metade das salas disponíveis para as actividades curriculares, libertando os restantes espaços (que passam a poder ser equipados de forma específica) para as restantes, em turno contrário. Assim, as necessidades de enquadramento (docente, nesta forma de solução) estendem-se pela manhã e pela tarde, tempo suficiente para "criar empregos". Em paralelo, os professores das actividades curriculares, podem cumprir duas horas de componente não lectiva diária em turno contrário, assegurando toda a coordenação e ligações, fazendo "pontes" entre as duas componentes, asseguradas por professores da Escola ...

Mas tudo isto não evita a necessidade de realizar um reordenamento da rede escolar efectivo, concentrando alunos em escolas com, pelo menos, uma turma por ano escolar. Como dizem alguns sindicatos, não há professores a mais. Há é respostas educativas a menos.

Mas, infelizmente, quando se espera que lutem por essas respostas, é um deserto de ideias por parte dos sindicatos.

Em vez de pensar nos seus deveres, têm a cabeça cheia com a defesa dos seus privilégios…