terça-feira, janeiro 11, 2005

Novas Fronteiras – como acreditar?

Fronteiras hão-de existir muitas.
Capacidade para atingi-las e ultrapassá-las … duvidamos.

Todos dizem que Sócrates será o próximo Primeiro Ministro.
A questão é: o que mudará?
A minha resposta: pouco ou nada. Adiaremos o País por mais dois ou três anos.
Até que alguém altere o sistema.
A Constituição que temos já não permite mais avanços.

O Partido Socialista, por natureza, é avesso a mudanças. Embora o seu posicionamento usual, em governação, seja moderado e distante dos aventureirismos de esquerda, é incapaz de concretizar mudanças. Acaba por cair “que nem ginjas” aos interesses e corporativismos instalados: as classes políticas dominantes, o capital (leia-se bancos) e os sindicatos fortes (educação, função pública).

Sem mudança, o País pára.
Pára? Não. Anda para trás. Porque numa sociedade global a paragem não é sequer aceitável.

Porque não acreditamos no PS?
Porque à decisão junta o diálogo e a treta do consenso.
Se o diálogo ainda é aceitável (quando é seguido por uma opção decidida), o consenso é uma aberração.
Porque decidir é escolher entre várias opções.
Porque decidir bem é escolher a opção melhor para a maioria e para o futuro.
Porque decidir bem e em consciência é, também, ir contra interesses instalados que prejudicam o sector, a sociedade e a sua evolução.
Opções resultantes de consensos são inócuas. Porque feitas com acordo dos interesses instalados. Não quebram nada, não garantem mudança, não são nem “carne nem peixe”.

Foi este o erro de Guterres e será, de novo, o erro da tralha Guterrista que já está aí, alinhada, na linha de partida para chegar ao Poder.

Infelizemente, o erro, neste caso e utilizando a linguagem do ténis, é “forçado”. Não é alterável. Está no sangue socialista. Até porque Sócrates chegará ao poder “ao colo” de forças contraditórias:

a)a insatisfação popular acirrada pela Comunicação Social que quer aumentos, emprego e melhor nível de vida a qualquer custo (que se lixe o déficite...);
b)a insatisfação dos economistas que querem menos função pública (leia-se, entrelinhas, despedimentos e aumentos zero) para eliminar o "sacrossanto" déficite;
c)a insatisfação do capital (bancos desejosos de manter o seu hiperlucrativo negócio e a sua baixa fiscalidade);
d)a insatisfação dos pequenos empresários (que – ainda – não pagam quaisquer impostos);
e)a insatisfação da esquerda demagógica (a favor de aumentos significativos de ordenados e contra a lei das rendas, o código do trabalho, os hospitais com gestão empresarial);
f)a insatisfação das corporações (de educação para manter os maiores privilégios da Europa e o poder nas Escolas, da saúde - loby do negócio "fechado" das famácias, laboratórios e médicos contra os “genéricos”); etc.
g)a insatisfação da “velha” e instalada classe política (inclusive a da área do poder) em defesa dos seus previlégios e lugares (ver reformas dos deputados e gestores "públicos").
h)a (in)satisfação da Comunicação Social que suporta e dá voz a todas estas insatisfações, o que, em Portugal e a par dos Big Brothers é o que dá audiências…

Como ter consenso se a mudança teria de ser, justa e necessariamente feita contra os interlocutores (as corporações) que o PS considera válidos?

Como agir na área da fuga aos impostos se isso não interessa às forças presentes no terreno que suportam a ida de Sócrates para o Poder?

Não é possível. Seria bom que o País pudesse, em tempo útil, e antes de 20 de Fevereiro perceber isto. Será difícil. Mas não impossível.

sexta-feira, janeiro 07, 2005

O que diria Pôncio Monteiro

Ontem, em entrevista à revista Baliza, Helder Postiga, avançado do F.C.Porto referiu que os seus objectivos eram marcar muitos golos e contribuir para que a equipa ganhasse todas as competições em que participa.

Questionado sobre se gosta de jogar com o seu parceiro, ponta de lança, Derlei, Postiga disse que não. Mas que isso não o impediria de tentar marcar muitos golos. Mas que ao não gostar de Derlei, não lhe passaria a bola, e que preferia que este fizesse o mesmo. E que a questão não é gostar ou não gostar. É querer o melhor para o F.C.Porto. E isso, ele quer.

Já hoje, o treinador do F.C.Porto sugeriu que Postiga passasse a jogar na Equipa B, ao que este respondeu não aceitar, pelo que, assim, disse o treinador, rua...
Como podem jogar os dois na mesma equipa, na mesma área de acção, mesmo que com os mesmos objectivos, se não pensam, querem ou gostam de trabalhar em conjunto?

Na segunda feira, Pôncio Monteiro, na SIC, deu a sua opinião.

Esta estória é totalmente fictícia embora os nomes referidos sejam reais. Não aconteceu, não acontecerá, mas que gostaria de saber qual a opinião do comentador homónimo de Pilatos ... lá isso, gostaria.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

A fuga de Guterres

No final de 2001 e perante a incapacidade, assumida, em gerir o País, o primeiro-ministro de então - António Guterres - demitiu-se.
Foi o pior que poderia ter acontecido ao País.

Infelizmente, essa fuga impediu que os Portugueses, sob governação dos responsáveis pela situação (o PS) pudessem sentir na pele as consequências de 6 anos de governação desastrosos. Sentiram apenas a parte boa, num período de expansão económica.
Sentiram os aumentos de ordenado acima da inflação, o aumento do emprego, o rendimento mínimo garantido. E muito mais. Tal como é usual com os socialistas. Sabem dividir muito bem, sem fazerem a mínima ideia como repor ou criar essa riqueza distribuída.
Essa fuga (de Guterres) permitiu que outros, bem intencionados, aceitassem assumir a governação nessas condições. Ou seja, depois da cigarra, vem a formiga.
Foram dois anos a estancar a hemorragia. Com políticas restritivas. Dois anos sem aumentos para a Função Pública. Menos emprego. Porque curar, quase sempre dói e dói muito.
Ao fim de dois anos, as coisas não estão bem. Mas não estão pior. A hemorragia foi controlada. É altura de se iniciar um processo que, com rigor, poderia ser de crescimento e melhoria gradual. Mas não. O Dr. Sampaio meteu as mãos ao bolso, encontrou o cartão do Partido Socialista e disse para consigo: “tenho que fazer qualquer coisa”. E fez.
Pois, a “fuga” de Guterres foi a melhor coisa que aconteceu ao PS. Ilibou-o de gerir as consequências negativas, em período de contracção económica da sua governação facilitista num período de expansão económica.
Gostaria que muitos economistas, que hoje falam do défice, defendendo, sem o dizerem, mais restrições na Função Pública (aumentos zero e despedimentos se possível), fizessem as contas e revelassem como estaríamos (e qual o défice) se o PS se mantivesse no poder nos 2 anos que faltavam para cumprir a legislatura, mantendo as políticas vigentes.
Gostaria também que se avaliasse o défice (e as necessidades de acudir a receitas extraordinárias) em função do clima económico. Porque um défice de 4,1% em expansão económica é muito diferente de um défice idêntico em contracção. Mas pior do que isto é que, nesse período de expansão, o excesso de gastos foi concretizado no pior sítio possível : criando rendimentos garantidos, fazendo crescer o emprego público e aumentando desmesuradamente os seus funcionários. Medidas sem recuo possível nos períodos de “vacas magras” que se sucedem sempre (não saberia isso o PS?) aos períodos de “vagas gordas”.
E pior do que tudo isto, quem vemos agora a se alinhar na linha de partida para se chegar ao poder? A tralha Guterrista. Sim. A tralha Guterrista : Sócrates e todos os outros. Aqueles que fizeram toda a porcaria que agora suportamos. O País que nos livre disto. Porque, caso contrário, tudo acontecerá mais uma vez. Virão uns para a desbunda e outros a seguir para consertar o que foi estragado.
Eu tinha razão. Guterres, para bem do País deveria ter ficado e suportado as consequências do que fez. Com algum prejuízo imediato pois a cura seria mais difícil e arrancaria mais tarde. Mas, talvez não estivéssemos a passar pela actual situação. O PS estaria irremediavelmente fora da governação por muitos anos pela exagerada irresponsabilidade demonstrada.
Vangelis, governar por consenso e com paixões. Outra vez… por favor... não.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Abertura

Nestes tempos mais recentes, muito se tem falado de liberdade de imprensa. Da necessidade do contraditório, da liberdade que tem cada órgão de comunicação social de imprimir uma orientação política à sua informação e comentário.

Mas, no centro de toda esta cacafonia estamos nós. Muitas e a maior parte das vezes confrontados com comentários irónicos e informação sectarista entre notícias em edição nacional da mariquinhas em cuja a casa chove dentro. E, quem nos defende? Ninguém.

Verificamos que a maioria dos informadores e comentadores segue a linha geral. Aquela que está a vigorar. Quando a linha informativa toma um determinado rumo, somos todos intoxicados. Ficamos indefesos e impossibilitados de aceder ao contraditório. Isto na política, no desporto, nas actividades sociais…

É neste sentido que vou procurar, pelo menos uma vez por semana emitir aqui uma qualquer opinião sobre um qualquer assunto.
Tentando encontrar o contraditório quando este se encontra escondido.