domingo, março 13, 2005

A Tomada de Posse – o dito e o não dito

Que tenha muito sucesso, Eng. Sócrates. Portugal precisa.
Sócrates é Primeiro-Ministro.
O PS tem maioria absoluta.
Como se vê, não há muita esperança. Tudo está, estranhamente, apático.
Porquê?
Sócrates é Primeiro-Ministro em consequência de um embuste.
Embuste do capital e dos técnicos do Banco de Portugal.
Embuste do PS que nada disse e pouco prometeu (mas mandou dizer).
Embuste da imprensa que, ao serviços dos anteriores embusteiros, criou expectativas.
Expectativas que foram suficientes para enganar o meio milhão de votantes, os necessários para a mudança de poder.

Feito.

Agora, Sócrates.

Foi empossado. Botou discurso.
Não sem, dias antes, já se ter avançado com intenções de subida de impostos, nomeadamente apontando o IVA como o mais provável instrumento dessa medida.

De que falou Sócrates?
Dessas medidas, não falou. Vai dizendo que é para subir o índice de esperança do País e por ordem nas contas.
Não estará em causa a justiça e a necessidade dessas medidas. Até serão as correctas. Mas, não foram as prometidas… Não foi esse o mandato eleitoral. A voz dos Portugueses. Pelo contrário. Eram essas medidas as que se vinham aplicando. As que foram “massacradas” pela imprensa e pelos escribas. As que motivaram “insatisfação popular” que terão justificado (?) a decisão do embusteiro-mor, o socialista Sampaio em dissolver a Assembleia.

De que falou Sócrates?
De uma “não medida”, referente à comercialização livre de medicamentos que não exigem receita médica. São as aspirinas e xaropes e representam 3% do volume de negócios das farmácias…
Então qual é o objectivo?
Mandar areia para os olhos da população, com a ajuda da imprensa, a fim de retardar ou impedir o crescimento dos genéricos (essa sim, uma medida com benefícios para os utentes) para os níveis normais (40%) nos países desenvolvidos.
Ao mesmo tempo, mandar um recado de agradecimento ao colo dado pelas corporações da Indústria Farmacêutica e dos Médicos (quem ganha com as marcas dos medicamentos) e um outro recado de atenção, à outra corporação, dos Farmacêuticos que ousou não lhe dar colo e se manter à parte do embuste. Até porque esta não é decisão nenhuma, ao contrário da que aí poderá vir e que eliminará a regra que define que as farmácias só podem ser abertas através da concessão de um alvará e a que a sua posse está limitada aos farmacêuticos.

De que falou Sócrates?
De uma sugestão (pois não depende dele) que consiste em fazer as eleições autárquicas e o referendo sobre a Constituição Europeia em simultâneo.
Hossanas, cantaram os embusteiros, fala-baratos e escribas.
Poupa-se dinheiro e ganha-se participação.
Nada de mal.
Mas, será que as rotundas e os fontanários deixarão livre algum espaço para “esclarecimento” da população sobre o que se vai referendar?
E este precedente não será motivo para referendar o aborto juntamente com a eleição do Presidente da República? E, garantindo participação, não vamos misturar alhos com bugalhos? Cavaco com parteiras e Guterres com regicídios? Talvez não, se for Guterres o candidato do PS. Mas, sendo outro, da ala esquerda do PS, para contrapor ao poder actual da ala direita – seja lá o que isso for - não teremos o caldo entornado?

Que tenha muito sucesso, Eng. Sócrates. Portugal precisa.

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