sexta-feira, março 04, 2005

Aproveitando o silêncio

Mário Resendes em artigo de “opinião” no DN, aproveita o “silêncio” pós-eleitoral e de pré-anuncio do governo, para dedicar-se ao “branqueamento” do embuste pré-eleitoral.

Então, diz ele:

Num repente, foi como se a imprensa tivesse decidido acatar o "habituem-se", decretado por António Vitorino, à porta da sede do Largo do Rato, em plena euforia da vitória absoluta.

Pois, como se antes, não tivessem feito o frete…
Simplemente, agora, depois das eleições, apenas o fazem às claras.

Mas, acrescenta (vejam só):

Os jornalistas, que passaram semanas a transmitir ao País a ideia de que o PS fazia uma campanha frouxa, que Sócrates "não tinha jeito para aquilo", que tinha perdido os debates televisivos e que a maioria absoluta era uma miragem de homens embriagados de fé socialista, parecem ter optado pela penitência.


O homem não deve ter estado neste País…
Não viu, certamente, por exemplo, os debates da SIC onde uma dezena de comentadores caía em cima de Santana Lopes… excepção feita ao isolado Luís Delgado.
Não. Não viu… pois estava lá a fazer coro.

Mais um pouco desta peça:

Triturados pelos resultados eleitorais, incluídos no grupo dos "perdedores", confrontados com a parede de aço da entourage de Sócrates, de onde não sai informação sobre o futuro Governo, optaram por dedicar-se à vaga de frio e a outros temas de actualidade social. O futebol voltou em força e a política, remetida para espaços secundários, está limitada às atribulações sobre as pesadas heranças que Santana Lopes e Paulo Portas deixaram aos respectivos partidos.

Os motivos do silencio da imprensa … só quebrado por esta magnífica dissertação de Resendes.

Continua:

Os analistas, em alguns casos os mesmos que consumiram tinta e palavras a espalhar cepticismo sobre as qualidades políticas e técnicas de Sócrates, renderam-se ao vencedor. As supostas insuficiências do passado recente transformaram-se em "inteligência táctica", as "promessas vagas" passaram a "elementar prudência" (Vasco Pulido Valente e Francisco Sarsfield Cabral foram excepções esperadas à onda de convertidos...).

Lindo… (sem comentários)

Os dois milhões e meio de votos de 20 de Fevereiro deram ao PS um benefício a que Durão Barroso e, muito menos, Pedro Santana Lopes, não tiveram direito um período de "estado de graça". Sócrates teve ainda o mérito de intuir que o País estava receptivo a um tom diferente de comunicação a partir do centro do poder político: reserva, sobriedade, pouca especulação, alguma evidência de autoridade democrática. Uma coisa é certa: com Sócrates, pelo menos no estilo, não haverá uma espécie de segunda vida do guterrismo.

Pois, foram os votos que deram o período de “estado de graça”… não os escribas, perdão, os jornaleiros, desculpem outra vez, os jornalistas…
No fim, afinal, o guterrismo já não presta…
É evidente, nesta peça, a intenção (encomendada?) de branquear o período pré-eleitoral e, destacar Sócrates de Guterres.

Depois foge-lhe o texto para a verdade:

Por tradição e convicção, os media, pelo menos numa primeira fase, tenderão a ser mais condescendentes com a esquerda do que foram com a direita.

A confirmação do embuste, (também) por ele protagonizado.

Sem comentários: