quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Dissolução e Sondagens - validados?

Vêm, agora, alguns articulistas, em função dos resultados eleitorais, divagar sobre a validação, quer da decisão de Sampaio em dissolver a Assembleia, quer das sondagens que apontavam para resultados (muito) próximos dos obtidos.

Quanto à dissolução da AR.

Considero que os resultados não validaram a decisão de Sampaio. Pois eram os esperados tendo em conta a dimensão do embuste criado e amplificado pela imprensa sobre Santana Lopes, elevando simples episódios governativos à dimensão de crise. Tal como, o facto de terem morrido 300.000 pessoas aquando do lançamento da Bomba Atómica em Hirochima, não validou essa acção, muito embora tenha precipitado o fim da 2ª Guerra Mundial. Como é usual, vingou a tese do vencedor, que utilizou a arma. O mesmo aqui se passa. Os vencedores querem “escrever” a História, puxando a “brasa à sua sardinha”, mas estamos aqui para que isso não seja tão fácil.
A validação do acto (ou o seu inverso, como defendo) será efectuada no futuro. Quando outros Presidente se virem confrontados com situações idênticas. Quando se verificar que mais nenhum governo pode contar com 4 anos de legislatura. Quando se inibir de efectuar qualquer reforma ou de tomar qualquer decisão que faça crescer alguma insatisfação popular. E quando as sondagens indicarem a existência de uma qualquer insatisfação.
Se Guterres era acusado de governar (ou de ser indecidido) ao sabor das sondagens, agora, esse formato passará a ser a regra. Pois o Presidente pode acordar com os “pés de fora” e teremos o caldo entornado. Ou melhor, temos a Assembleia dissolvida…
Ou seja, sem mudança e sem reformas, sem decisões difíceis, teremos Portugal adiado. E como o tempo não é susceptível de ser perdido, pois a globalização é uma realidade e o Mundo não para, vamos caminhando, rindo e cantando, em direcção ao pântano. Novamente. Depois, … logo se vê. Provavelmente, chamamos os mesmos, de novo - os competentes bombeiros do PSD - para nos tirarem de lá.
E a decisão do Presidente, aí sim, se revelará como mais um instrumento do embuste. Com a cumplicidade da imprensa. Quanto a Sócrates? Foi (e é) apenas um instrumento…

Quanto às sondagens.

Resta saber – e nenhuma sondagem ou estudo o poderá responder – até que ponto as próprias sondagens – e todo o resto do embuste criado – foram, elas próprias, instrumento de validação dos resultados obtidos. Ou seja, até que ponto as sondagens possam ter sido empoladas, para que os resultados o tenham sido? Fica, no mínimo, a dúvida.

1 comentário:

Anónimo disse...

De acordo.
Mas, entretanto, já começou o ataque dos boys esfomeados. Está a acontecer em Braga, com o mui digno Mesquita Machado em primeiro plano. Exactamente. Esse mesmo. O tal que concorda com Mário Soares quanto a haver corrupção nas Autarquias. Eu não sei se sim ou não, porque não faço parte. Ele lá saberá... É tão esclarecido...
Mas que cheira, lá isso cheira!