Está no fim a campanha eleitoral. E pouco ou nada mudou. Os cinco partidos relevantes mantiveram o seu eleitorado fixo. Nada do que sucedeu na campanha terá provocado quebras significativas nesses grupos. Mas, o que se passará nas franjas centrais (entre o PS e o PSD) e nos grupos minoritários de eleitores que circulam entre dois partidos (à esquerda do PS e à direita do PSD) e que decidem os níveis de abstenção, vitórias, derrotas e maiorias.
1)Julgamos que estão reunidas as condições para que a abstenção seja, no mínimo contida. A decisão de Sampaio em interromper a legislatura “acordou” muita gente. E o discurso “vitimista” de Santana vingou. Porque era lícito. Muita gente, social-democrata de raiz, mas inconstante na ida às urnas, revoltou-se com a injustiça criada pela impossibilidade da conclusão da legislatura. Assim, não só os indecisos (que foram esclarecidos nos últimos dias) como potenciais abstencionistas serão acrescentados aos números do PSD (que recuperará até aos 35%) e ao PP (que ficará junto aos 10%).
2)Á esquerda, teremos uma CDU que recuperou alguma nostalgia conservadora. E é sobre essa recordação que fará um resultado muito aceitável. Digamos que terá o seu “grito de ipiranga” neste acto eleitoral. Apontamos para os 8 a 9%.
3)O Bloco de Esquerda. Potencialmente o partido com maior capacidade de crescimento. Pelo que crescerá. Mas muito menos do que seria de esperar. Porquê? Porque, com a perspectiva de atingir o poder junto ao PS (no governo ou através de acordos de qualquer tipo) amoleceu a sua atitude normal. O líder quis reduzir a sua usual arrogância a fim de obter junto ao eleitorado alguma postura “ministeriável”. E perdeu muito. De 9% possíveis numa outra postura, terá (um bom resultado) próximo dos 7%.
4)Finalmente o PS. Suportado por todos e por todo o lado de uma maneira esmagadora e escandalosa (imprensa, “senadores”, sindicatos, coorporações, capital, etc) “construíram” o maior embuste anti-democrático visto em Portugal num acto eleitoral, viu-se metido numa camisa de 7 varas. Não tinha discurso possível. Não poderia apontar quaisquer objectivos. Quaisquer medidas. Com o risco de o que poderia dizer para agradar a um lado, degradaria ao outro. E vice-versa. Não passou a mensagem (porque esta não existe). E, perante a extrapolação desta situação para a governação, teríamos mais uns anos de estudos, diálogo e indecisão. Ou seja, o que nos levou (e nos levaria de volta) ao pântano. Assim, restará ao PS pouco mais (induzido pela imprensa instrumentalizada) do que a sua base eleitoral fixa (que é, no entanto, a maior de entre todos os partidos). Os números dificilmente subirão dos 40%.
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