terça-feira, fevereiro 22, 2005

A repartição justa dos sacrifícios

Ontem (21/02) iniciou-se um novo ciclo. Foram colocados em questão (RTP1) assuntos que eram tabu antes das eleições. É fácil perceber porquê. Antes não valia. A imprensa tratou de colocar uma cortina de fumo sobre tudo o que de bom estava a ser feito. Não interessava.

Agora, saltam ao de cima as forças manipuladoras. Cada uma procurando encontrar o seu espaço a fim de fazerem as suas reivindicações ao governo que aí vem. Ou se quiserem, executando a sua pressão e/ou a sua cobrança individual pelo colo dado.

Ontem, questionaram-se e discutiam-se os sacrifícios.
Dando de barato que serão necessários (antes, não o eram...) .
Determinando as formas como deverão ser distribuídos.

Para trás ficaram os que motivaram esses sacrifícios e que colocaram o País no “pântano” em 2001 - e o que foi mais grave - em período de plena expansão económica internacional.
Para trás ficaram, desde 20 de Fevreiro, aqueles que - contra tudo e contra todos e num período de retracção económica mundial - estancaram a “ferida” que sangrava o País. Infelizmente, muitos "escribas" tentam ligar a insatisfação (normal) originária do facto de se estar a suportar esses sacrifícios com governações menos bem sucedidas. Ou seja, a boa governação é a facilitista e orientada pelas sondagens de opinião...

Ficaram para trás os que colocaram o País no pântano? Não. Estão aí de novo. Os mesmos. Ao leme.

Mas, voltemos aos sacrifícios.
Agora, já são validados pela imprensa. Cabe-lhes (a essa imprensa, já estamos a ver) intoxicar o povo. Os sacrifícios passaram a ser incontornáveis, para bem do País (antes não o eram...) .

O governo PSD-PP aplicou sacrifícios. Como vimos, contra tudo e contra todos.
E essa terá sido essa, não só a sua virtude (de justiça), como a sua perdição.
Ao convocar os bancos, outros “capitais” e algumas corporações a colaborar nos sacrifícios destinados à saída do “pântano”, tocou em (fortes) interesses instalados. Por isso foram derrubados.

Os sacrifícios:

O IVA. Subiu para 19%. É um imposto plano. Toca a todos. Por igual (a sua base de aplicação é generalizada a todos os consumidores sem excepção) e com justiça (contribui mais, quem consome mais).
O IRS. Eliminados os benefícios fiscais. Os ganhos foram distribuídos na baixa geral dos escalões.
O IRC. Baixou. Como prometido. Ia baixar mais.
A Siza. Bem substituída. Não eliminada, pois a corporação autárquica não o permitiria de uma só vez.
Lei das rendas “congelada”.
Tributação dos Bancos. Duplicou. Não gostaram. Acharam não dever contribuir...
Eficácia fiscal. Subiu significativamente. Um dado recente, “escondido” pela imprensa manipulada (que era toda, ou quase).
Funcionários Públicos: ordenados congelados (os acima de 1000 Euros). Uma vez que não seriam (são) aceitáveis despedimentos (que reduziria o “monstro” criado no tempo das “vacas gordas” de Guterres), esta foi a forma mais justa de imputar a quota parte dos sacrifícios a este significativo grupo de trabalhadores.
Empresas e privados: aqui a intervenção pública não é directa. Os desempregados, originados nas empresas em maiores dificuldades (muitas encerraram) são a face mais grave e visível da repartição dos sacrifícios. Compensados (se assim poderemos considerar) com os subsídios de desemprego.

Maior justiça que esta? Melhor distribuição?

Veremos como fazem estes…


1 comentário:

Anónimo disse...

Totalmente de acordo.
Já agora, Seria interessante saber que porcentagem de trabalhadores da função pública, acima de 1000 euros, foi afecteda.
Fico na minha, mas acho que esse valor iria fazer correr muita tinta.