segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Bill Gates veio a Portugal

O homem mais rico do Mundo. Também um grande doador aos países mais pobres.
Mas também o homem que construiu uma empresa, a Microsoft que produz grande parte do software mais utilizado no Planeta.

Aproveitando o facto, o Governo Português não fez por menos. Recebeu-o com honras de Estado. Aproveitou e criou uma recepção de impacto mediático. Não se fazendo rogada, a Microsoft aproveitou e também divulgou o seu produto.

Nada de mais. Portugal precisa de fazer subir estados de espírito e a Microsoft de recuperar de alguns ataques por parte dos defensores do software livre e das entidades comunitárias que a acusam de práticas monopolistas.

Ambos aproveitaram. Mas, o que terá ficado dessa visita? Para além do marketing e do espectáculo, muito pouco.

A Microsoft está à beira de alterar, por completo, o seu modelo de negócio. Como excelente empresa que é, já percebeu que o actual modelo está prestes a esgotar. Já não há lugar para a venda de aplicações, ferramentas de programação e mesmo de sistemas operativos. Assim, apesar de nada “transpirar” já se percebeu que o Windows Vista será a lança da mudança.

Com a Ásia totalmente fora de controlo (as cópias do software abundam) e sendo estes os mercados determinantes para o crescimento do sector.
Com o software livre a ganhar terreno.
Com negócios emergentes (Google e Skype) a explodir.
A Microsoft já prepara a “libertação” do seu software…
Assim, o Windows Vista, para além dos renovados aspectos “visuais” deverá trazer: a gratuitidade no acesso ao software, a publicidade “entranhada”, e os serviços (pagos) de protecção contra vírus, os updates regulares, as comunicações (de todo o tipo) integradas, a formação on-line, os conteúdos (notícias, filmes, músicas – ver ITunes-, TV ao vivo, séries de TV). Tudo isto disponibilizado pelas “janelas” abertas pelos sistemas operativos e aplicações Microsoft…

Já vimos em Portugal alguns destes aspectos: a Microsoft afirmou pretender gastar 60 milhões de euros para formar 20 milhões de europeus… Pois os 60 milhões permitirão criar plataformas de e-learning de acesso livre (ou quase-livre). Para os tais 20 milhões se formarem no uso de aplicações… da Microsoft. Que, dentro de pouco tempo serão “downloadáveis” sem custos, matando a concorrência e potenciando à Microsoft a manutenção do seu estatuto de empresa líder mundial através de janelas extremamente valiosas para a publicidade que passa a ser o elemento mais lucrativo para a Empresa. Seguindo o modelo Google… Para além dos conteúdos e serviços já referidos. À Microsoft, no futuro, bastará que muitos usem os seus programas…

E Bill Gates disse em Portugal que a publicidade ainda estava por explorar. E de que maneira (deverá estar ele a pensar) …

E, para isso, precisará que eles (os seus programas) sejam (se mantenham) efectivamente bons. Os melhores de todos. Daí necessitar de toda a energia e criatividade. Garantindo-se, dessa maneira a evolução tecnológica. Com custos zero (de base) para os utilizadores (combatendo a pirataria pois deixa de ter sentido o software de acesso livre e gratuito e “matando” as acusações de monopólio). E criando novos negócios para a empresa (conteúdos, publicidade, formação e comunicações) de valor incalculável.

Assim, Gates não veio trazer nada a Portugal. Fomos provinciais na sua recepção. Mas nada de mal veio daí. E o certo é que muita coisa está a mudar… e Bill Gates está atento e vai, não só acompanhar a mudança, mas assegurar que ela ocorrerá à sua medida e de acordo com a sua visão…

Visão – Vista …Cá está.

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