segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Aborto - o dia seguinte

Vinte e três por cento dos eleitores (votos expressos) disseram SIM.
Dezoito por cento, NÃO.
Cinquenta e seis por cento, nem SIM nem NÃO. Ou se desinteressaram ou estavam confusos ou nem se reviam numa ou noutra resposta.
60-40-56 são números enganadores.
23-18-56 são os números correctos.

Venceu o SIM. Mas os resultados não são vinculativos. Ou seja, o referendo relegou para onde estava antes, a capacidade de decisão: a esfera legislativa.

Avancemos para a lei. Esperamos que a lei seja conservadora. Para que os 23% não se imponham aos 77% restantes para uma solução de extrema liberalização. Sócrates pode. Será que Sócrates fará?

A lei da terminação reflectirá exemplos de outros países. Será que a as leis de defesa e apoio à vida e à família em Portugal também sofrerão um “upgrade” com vista a se “chegarem” ao praticado nesses outros países? Posso responder? Claro que não. A esquerda portuguesa está dominada por grupos pouco conservadores. E a família é um valor conservador… Desconhecida de Sócrates. Mas tão essencial ao futuro. Uma pena...

Curiosa a conclusão da noite:
Os do NÃO que continuem a fazer a sua acção social na defesa da vida. À sua custa e do seu esforço. Para bem dos outros.
O Estado - e não os do SIM - (com o dinheiro de todos nós) passa a fazer, financiar e facilitar a terminação das gravidezes.
Contradições de uma Sociedade que, enfim, deu um passo atrás, no que se refere a um dos nossos maiores valores. A defesa da vida.

Quem ficará com o peso do futuro em Portugal?
As famílias. Cada vez menos apoiadas no processo de fazer perpetuar o futuro. De assegurar as futuras gerações. Sem a ajuda de (verdadeiras) políticas públicas em sua defesa. Agora com um peso acrescido pelo destino de parte dos seus impostos: suportar o custo das terminações das gravidezes… das outras. As tais que decidiram não trazer à vida o feto que (voluntariamente) conceberam (ou terão sido obrigadas?) e, dessa forma, se encostarem, de forma facilitada, numa esquina da vida, vivendo dos descontos obrigatórios vindos do trabalho dos filhos… dos outros. Dos que optaram pela NÃO terminação. Direitos de opção... só de um lado.

Venceu quem votou. Os fetos não votaram e, a partir de agora, muitos deles nunca o poderão fazer. Termina ali o seu caminho.
E, já agora… se o aborto fosse livre desde há 50 anos, quantos dos votantes no SIM não existiriam? Já fizeram a si próprios essa pergunta?

Finalmente, uma questão a seguir: nos Açores e na Madeira venceu o NÃO. De forma mais vincada com que venceu o SIM no País. Se nos Açores não se deverá colocar a questão pois César não terá nenhum pejo em negar a orientação (contrária) dada pelo seu povo face aos interesses socialistas, na Madeira a situação será distinta. Relegada para a esfera legislativa a solução do problema, caberá à Assembleia Legislativa determinar (eliminar) os aspectos criminais e legais e ao Poder executivo operacionalizar os procedimentos necessários. Alberto João Jardim tem, na Madeira, o controlo legislativo e já disse que o seu Serviço Regional de Saúde não estará disposto (a partir do orçamento da Região) a suportar os encargos oriundos do aborto livre até às 10 semanas. Uma decisão nacional que, deverá ter financiamento nacional. Disse. Aguardemos a evolução do processo.

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