sábado, julho 08, 2006

Professores têm (mesmo) muitos dias de férias

É usual se ouvir que os professores têm muitos dias de férias. Três meses no Verão, Páscoa, Natal, Carnaval.
É também usual a resposta corporativa de que não, os professores têm que assegurar a época de exames, a preparação do ano lectivo, a realização de avaliações.
Ambos têm razão e os segundos não dizem tudo.
A proposta (em discussão) para o novo ECD não apresenta alterações nesta matéria. Então como era e como vai ser?

Os professores têm, efectivamente, o mesmíssimo número de dias de férias que os restantes funcionários do Estado. Nem mais nem menos. Esses dias de férias devem e só podem ser gozados num determinado período em Julho, Agosto e Setembro, entre o final e o início das actividades lectivas (aulas).

Então, porque aquela ideia de haver muitos dias de férias?

Para além dos dias de férias, os professores (educadores também) têm direito ao que chamam de dias de interrupções da actividade docente. Um “buraco cinzento” que mantém toda a indefinição do passado e que deu origem às mais perversas interpretações dos sindicatos corporativos e que origina a ausência (do trabalho) dos professores por muitos dias, das suas escolas. Nada mais, nada menos do que (mais) 30 dias por ano (de férias encapotadas).

Suspeito que, aqui, a Ministra e os seus acessores, não perderam a sua veia de professores, e prenderam-se a benefícios que lhes deram direito a muita descontracção e pouco trabalho…

O que diz a lei? Simplificadamente que os professores podem tirar mais 30 dias de férias, em 3 blocos de 10 dias. Sem se esclarecer se são úteis ou seguidos. Pressupõe-se que no Natal, Páscoa e Férias de Verão.

Vão dizendo que, nessa interrupção, podem ser chamados à escola para fazer serviços necessários. O que nunca acontece pois quem os chamaria são os Dirigentes que por eles foram eleitos e que, quando voltarem ao lugar de professores não desejarão ter os colegas a os chamarem, nessas alturas, para o trabalho. Assim, férias…

Mas, mais. Gastos 10 dias no Natal e outros tantos na Páscoa, ficariam 10 dias para juntar às (verdadeiras) férias, no Verão. Ora, não marcados individualmente, esses 10 dias esticam e acabam por ajustar as férias (férias+interrupção docente) dos professores às … férias dos alunos (interrupção das actividades lectivas).

Se alguns professores têm que assegurar serviços de exames, a maioria não (só há exames no 9º ano e no Ensino Secundário). E aos professores há que juntar os Educadores. Que nunca terão exames para assegurar.

Mas esses dias servem para muito mais. Ao longo do ano lectivo os professores podem faltar por conta do período de férias. Como as férias dos professores são o “buraco cinzento” atrás referido, na prática, não há qualquer compensação efectiva por aquelas faltas. Muito menos para os alunos, vítimas deste procedimento.

Pior é o facto dos sindicatos corporativos, perante este tipo de clarificação, começam a alegar desgastes profissionais e necessidades de maior descanso, deitando “areia para os olhos” da opinião pública quando, durante uma parte desse período estarem muitos professores a exercer outras actividades, remuneradas, no âmbito de campos de férias. Ou seja, recebem (continuam a receber) o seu ordenado, não estão de férias, deveriam estar a descansar, mas estão a exercer actividade e remunerada…

Ora, até admitiria a manutenção desta excepcionalidade em que se alargam, na prática, as férias docentes. Mas:

1)Só 10 dias no Natal e 10 dias na Páscoa. Seguidos (não úteis) e registados e identificados pessoalmente. E garantindo que as respectivas escolas mantém-se em funcionamento pelo que não haveria simultaneidade na atribuição destes dias de descanso.

2)No Verão, onde as férias são colocadas obrigatoriamente, estes dias não se poderiam colar… Clarificando o período de descanso. E dias de férias pagas são dias de férias pagas. Daí que não seriam admissíveis situações de trabalho extra (campos de férias). Afinal estes trabalhadores são pagos para descansar. Para que se apresentem “frescos” e produtivos na entrada do novo ano escolar.

Mas, infelizmente, a proposta da Ministra, que está sobre a mesa, não clarifica estes aspectos. Pelo que, tudo ficará (mal) na mesma…

9 comentários:

Anónimo disse...

que pena tanta ignorância e ódio, sim ódio...

Francisco Trindade disse...

"Esses dias de férias devem e só podem ser gozados num determinado período em Julho, Agosto e Setembro, entre o final e o início das actividades lectivas (aulas"

Este é somente um dos aspectos que prova que o senhor não sabe do que está a falar!

Sou professor há 20 anos e só posso tirar férias no mês de Agosto que concordará é o pior para tirar férias. (Mais turistas, mais emigrantes,preços mais elevados, mais confusão, etc, etc)
Concorda? Parece-me que isto só pode ser consensual...

Informe-se e depois venha fazer o mea culpa se tiver coragem...Ah! a coragem! Pois é este povo não sabe o que é isso!...

Já agora: como deve ter bons conhecimentos no Ministério faça lá para que eu para o ano possa ir de férias em Junho...Se não puder não sou exigente, que seja em Setembro. Vinte e dois dias que o que tenho todos os anos e não três meses que nunca os tive. Tenho a fama mas nunca tive a porra do proveito!!!

Francisco Trindade
http://www.franciscotrindade.
blogspot.com/

Anónimo disse...

Best regards from NY! » »

Anónimo disse...

Sr. Francisco
Professores há muitos. Com calendários e exigências diferentes...
Educadores, 1º Ciclo e outros...
Há professores trabalhadores e outros menos. Há professores que são chamados em Julho. Outros que são chamados às vezes, umas horas ou nada chamados. Não podem ir para o Algarve... mas, ficando por perto da escola, também não fazem muito...
E ignorou (como lhe convém) os dias de "interrpção"...

Liliana Guerreiro disse...

Realmente o senhor não deve ser Professor pois não conhece a realidade da "maioria" dos docentes... Esses dias de interrupção muitas vezes estamos a trabalhar...sim, reuniões de 3 horas para cada turma para não falar das reuniões de departamento. Eu estou com horário incompleto e sou uma docente recente, que trabalha tanto ou mais que os professores que estão na escola com redução de horário e em fim de carreira que ganham 5 vezes mais que eu!! A esses sim deveria comentar, não as nossas férias. É verdade que há dias de trabalho que não são mais que dias sem fazer nada, depois do ano lectivo acabar. Mas o senhor costuma trazer trabalho para fazer em casa? O meu marido tinha a mesma ideia que a maioria das pessoas tem, como o senhor, mas depois de ter em casa uma docente, aí aprendeu que falar é fácil sem estar dentro dos assuntos.

Anónimo disse...

Os professores que vão trabalhar como trabalha o resto da população, já chega de tantos privilégios.

Anónimo disse...

Ignorância... santa ignorância!

Anónimo disse...

Caros professores estou rezando para que alguem crie um conselho para o magisterio como a OAB, para ver se penera tanto profissional ruim como tem no magisterio brasileiro, só pensa em salario, feriados, nada de capacitação.

é triste


CICERO ALVES

Zé Onesto disse...

O descrédito a que os professores estão neste momento sujeitos foi criado por grande parte deles próprios. Sempre tivemos professores baldas e a maior parte passou sem destinção pelas nossas vidas. Já os que nos marcaram, esses não esquecemos e acompanham-nos na nossa memória, mas são muito raros.
Quanto a férias, enfim, é um pagode como no género da função pública. Esse dias, para eles, contudo, estão a chegar ao fim.