Não se entende que os professores (ou os seus sindicatos) queiram limitar as funções que os docentes podem ou não realizar nas Escolas. Essa atitude, se mantida, poderá levar milhares ao desemprego. Ou, no mínimo, a ficarem, esses milhares (sem lugar) à entrada das escolas.
A Escola, antes, era uma. Agora terá de ser outra. Agora, será uma Escola integrada, completa. Com uma parte lectiva e curricular (a que se limitava a Escola antiga) e outra não lectiva, lúdica, de ocupação de tempos livres, que agora cresce e aparece.
Não se entende porque os professores não se querem ocupar desta última parte. Afinal, muitos docentes são (potenciais) desempregados, com formação para cumprir essas (novas) funções.
Não há aqui menoridade nas funções. Tão só são diferentes. E são as actualmente necessárias. Será preferível o desemprego?
Uma Escola, para cumprir o seu papel básico (uma educação de qualidade) também precisa de infra-estruturas. E existindo essas condições e sendo essencial a tal nova oferta de ocupação diária das crianças e jovens, não faz sentido que essa componente não seja cumprida nas Escolas. Que se lixe a demagogia das escolas não serem “armazéns de crianças e alunos”. Serão sítios onde elas deverão estar, com prazer.
E essa componente deve ser exercida por professores? É a questão actual.
Pode ser exercida por professores. Caso contrário, perderão milhares de oportunidades de emprego que serão (logo) ocupadas por outros (o mercado não perdoa, quando há procura), certamente menos aptos para a tarefa que se exige, que é de âmbito pedagógico. Por outros profissionais (monitores) ou por eles próprios (professores) em condições muito menos interessantes (contratados a tempo parcial, sem efectividade, por autarquias, empresas privadas e sem perspectivas de carreira). Como já se vai vendo no 1º Ciclo...
O número de alunos vem decrescendo abruptamente. E o crescimento da escolaridade obrigatória é relativamente recente. Assim, a passagem à reforma dos actuais professores estava distante. Agora, com as novas regras, ficou ainda mais longe. Entretanto, as universidades continuam a formar docentes. Já não há mais trabalho lectivo para atribuir e dividir.
Que fazer com esses (potenciais) desempregados?
A resposta está dada. Alargamento horário no Pré-Escolar, Escola a Tempo Inteiro, Actividades não lectivas nas Escolas Básicas e Secundárias. Clubes Escolares. Ocupação de Tempos Livres.
Terminando, uma nota: a dignidade das funções docentes. Um chavão sindical. As funções docentes são aquelas que só os docentes podem (por habilitação profissional) exercer. Mas não estão limitados a estas. E as outras funções não são menores ou menos dignas. É necessário que os docentes desliguem dos discursos “dinossáurios” dos sindicatos e entendam que a questão é outra: trabalho, emprego ou … desemprego.
E, para colocar a cereja em cima do bolo: o trabalho docente terá de ser medido, avaliado e ser produtivo. Só aí teremos ensino de qualidade. Assim, Portugal avançará. Nas tabelas internacionais de avaliação do sistema e, no que é mais importante, em direcção ao Futuro.
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