António Guterres e os seus governos foram os últimos a governar, em Portugal, em ambiente económico expansivo.
Ao contrário de muitos países europeus, em vez de aproveitar o facto para ordenar as contas pública, Portugal desatou a distribuir o que tinha até aos limites e para além deles.
Criou uma estrutura de gastos exagerada até para a economia expansiva em que vivia.
Infelizmente, essa “máquina” era rígida (emprego e benesses públicos) pelo que não adaptável a tempos futuros de “vacas magras”. O tal “monstro”.
E aqueles dias vieram. O pântano e a fuga.
O défice acima dos 4% em início de período de retracção económica internacional, atentados WTC, aumento dos preços do petróleo, alargamento europeu, Euro e crescimento das exportações da China e Índia.
Para o PS, foi a melhor estratégia que poderia ter seguido.
Três anos depois está de novo no Governo.
Entretanto, entre 2002 e 2004, sob clima económico internacional adverso, o défice foi estancado (mais décima, menos décima). A 5%.
Tudo isto não contando com as receitas extraordinárias, estratagema que mascarou o défice real, necessário para não colocar o País em contravenção com a UE, o que originaria a perda de fundos comunitários.
Nesses tempos (de Manuela Ferreira Leite) foram tomadas medidas difíceis. Congelamento de salários e aumentos de impostos.
O Governo de centro-direita mobilizou todos para esse objectivo (a obcessão).
Inclusive a banca. E foi isso que o deitou abaixo.
A banca, habituada a baixíssimas taxas de imposto, mobilizou-se corporativamente. Arregimentou empresários (dependentes do seu negócio-de empréstimo de dinheiro) e estes colocaram na imprensa, dia sim dia sim, batalhões de “escribas” e “comentaristas”, cada um com o seu tempo de antena e coluna de jornal a deixar abaixo o Governo de Santana Lopes.
No seu canto, e no seu timing, o Presidente fez a sua parte e deitou abaixo um Governo com maioria estável na Assembleia, a meio de uma legislatura.
Sim. O défice não foi reduzido por Manuela e Bagão.
Mas foi estancado.
Imagine-se o cenário de continuidade de Guterres e da sua “tralha” até ao fim da legislatura…
Sim. A ferida não foi curada. Apenas cicatrizada. Mas não lhes deram mais tempo.
E chega Sócrates.
Suportado pela banca, que atingiu o seu objectivo.
Está no Governo (Economia) e assim, não verá alterada a sua situação de infra-contribuinte.
Suportado por Constâncio, que não foi para o governo, mas é o ministro sombra das finanças. Tem lá o seu número dois e assume as políticas do sector.
Finalmente Sócrates. Preso às suas promessas e à sua atitude pré-eleitoral. A engolir elefantes (já comeu todos os sapos), um atrás do outro.
Entre duas forças antagónicas que o suportam. As de “esquerda”, populistas e demagógicas: mais emprego, mais social, sem portagens e aumentos de impostos. E as economicistas acima indicadas.
A guerra entre estas duas forças já começou (daí a ausência de Sócrates de qualquer participação pública). Dentro em breve passará para a praça pública.
Défice de 7%?
Pois. 5% + não-decisões até as próximas eleições + apenas medidas custosas de ambito social = 7%.
Estranham? A culpa é do anterior governo?
Só para os demagógicos.
Quando começará o governo a governar? Quando o défice estiver a 10% (talvez a comissão Constâncio demore dois anos a acertar o défice à milionésimas). Depois das eleições? Quais?
Porque isto é como subir umas escadas rolantes que descem. Parar não resolve. Vimos parar logo cá em baixo…
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