Fronteiras hão-de existir muitas.
Capacidade para atingi-las e ultrapassá-las … duvidamos.
Todos dizem que Sócrates será o próximo Primeiro Ministro.
A questão é: o que mudará?
A minha resposta: pouco ou nada. Adiaremos o País por mais dois ou três anos.
Até que alguém altere o sistema.
A Constituição que temos já não permite mais avanços.
O Partido Socialista, por natureza, é avesso a mudanças. Embora o seu posicionamento usual, em governação, seja moderado e distante dos aventureirismos de esquerda, é incapaz de concretizar mudanças. Acaba por cair “que nem ginjas” aos interesses e corporativismos instalados: as classes políticas dominantes, o capital (leia-se bancos) e os sindicatos fortes (educação, função pública).
Sem mudança, o País pára.
Pára? Não. Anda para trás. Porque numa sociedade global a paragem não é sequer aceitável.
Porque não acreditamos no PS?
Porque à decisão junta o diálogo e a treta do consenso.
Se o diálogo ainda é aceitável (quando é seguido por uma opção decidida), o consenso é uma aberração.
Porque decidir é escolher entre várias opções.
Porque decidir bem é escolher a opção melhor para a maioria e para o futuro.
Porque decidir bem e em consciência é, também, ir contra interesses instalados que prejudicam o sector, a sociedade e a sua evolução.
Opções resultantes de consensos são inócuas. Porque feitas com acordo dos interesses instalados. Não quebram nada, não garantem mudança, não são nem “carne nem peixe”.
Foi este o erro de Guterres e será, de novo, o erro da tralha Guterrista que já está aí, alinhada, na linha de partida para chegar ao Poder.
Infelizemente, o erro, neste caso e utilizando a linguagem do ténis, é “forçado”. Não é alterável. Está no sangue socialista. Até porque Sócrates chegará ao poder “ao colo” de forças contraditórias:
a)a insatisfação popular acirrada pela Comunicação Social que quer aumentos, emprego e melhor nível de vida a qualquer custo (que se lixe o déficite...);
b)a insatisfação dos economistas que querem menos função pública (leia-se, entrelinhas, despedimentos e aumentos zero) para eliminar o "sacrossanto" déficite;
c)a insatisfação do capital (bancos desejosos de manter o seu hiperlucrativo negócio e a sua baixa fiscalidade);
d)a insatisfação dos pequenos empresários (que – ainda – não pagam quaisquer impostos);
e)a insatisfação da esquerda demagógica (a favor de aumentos significativos de ordenados e contra a lei das rendas, o código do trabalho, os hospitais com gestão empresarial);
f)a insatisfação das corporações (de educação para manter os maiores privilégios da Europa e o poder nas Escolas, da saúde - loby do negócio "fechado" das famácias, laboratórios e médicos contra os “genéricos”); etc.
g)a insatisfação da “velha” e instalada classe política (inclusive a da área do poder) em defesa dos seus previlégios e lugares (ver reformas dos deputados e gestores "públicos").
h)a (in)satisfação da Comunicação Social que suporta e dá voz a todas estas insatisfações, o que, em Portugal e a par dos Big Brothers é o que dá audiências…
Como ter consenso se a mudança teria de ser, justa e necessariamente feita contra os interlocutores (as corporações) que o PS considera válidos?
Como agir na área da fuga aos impostos se isso não interessa às forças presentes no terreno que suportam a ida de Sócrates para o Poder?
Não é possível. Seria bom que o País pudesse, em tempo útil, e antes de 20 de Fevereiro perceber isto. Será difícil. Mas não impossível.
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