quarta-feira, março 10, 2010

Antecipação da convergência da idade de reforma

Não duvidamos da bondade da medida referente à convergência da idade de reforma entre os funcionários públicos e os restantes.

O erro está na ideia que a convergência se tem de fazer no sentido que está determinado. Porque não reduzir a idade de reforma do sistema geral?

Porque aí, era a falência do sistema, dirão. Não há dinheiro para sustentar as reformas durante esses anos todos.

Pois então, a solução passa por ajustar os valores das reformas a atribuir. Mas nunca aumentar a idade de reforma. É que não tem sentido manter os “velhos” no sistema mais anos, dando-se ao luxo de ter os “novos” no desemprego.

Os primeiros até poderão contribuir para os cofres da CA mais alguns anos, mas tendo como base um rendimento (pago por alguém) que não se ajusta à produtividade. E, dessa forma, esse déficite (rendimento-produção) contribui para o agravamento das “contas” de Portugal. Entretando, não bastando aquilo, teremos que suportar os jovens desempregados, parados e sem poderem contribuir para o rendimento nacional. Não tem sentido nenhum.

O mesmo se passa ao nível da distribuição do trabalho. Este está disponível em cada vez menor quantidade (os chineses têm, gradualmente, tomado conta de grande parte dele, no seu percurso, lícito, em direcção ao nosso nível de vida). Haveria, já, que criar mecanismos de redistribuição do trabalho. Um bem cada vez mais raro e precioso. E tal só poderá ser assegurado através de uma determinação qualquer que reduziria o tempo de trabalho legalmente estabelecido (menos horas diárias de preferência em relação a menos dias por semana, mais férias por ano ou reforma precoce) com a correspondente redução no rendimento.

Esta medida ajustaria as necessidades de mão-de-obra de muitas empresas (não podem despedir e, por isso definham), criaria mais empregos nas empresas funcionais e válidas e permitiria um aumento na respectiva produtividade. O que Portugal precisa.

As famílias teriam mais tempo para os seus filhos.

Logo virá o argumento recorrente que impede que tudo isto se possa fazer: os portugueses ganham pouco pelo que não podem ganhar menos

É falso porque relativo.

E verifica-se que é falso quando (ainda mais) as empresas fecharem e as pessoas ficarem sem emprego. Aí, ajustam-se como podem e todos ficam a pensar como se poderia ter evitado isso…

E verificar-se-há também que é falso quando a redução de rendimentos vier por conta dos nossos credores (como está a suceder na Grécia). E aí vamos nos questionar porque não fizemos isso antes (como na Irlanda).

E vamos nos penetênciar, em qualquer destes casos, porque esses cortes nos nossos rendimentos serão feitos (e vamos ter que nos ajustar) sem qualquer corte no tempo de trabalho.

Ou seja, poderíamos sim viver com menos rendimentos. Mas preferimos caminhar para o abismo. Temos o que merecemos…

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