quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Déficit de nove virgula três (9,3%)

Lembram-se quando Constâncio, todo prestável, foi fazer “contas” ao deficit de Santana Lopes?

Somou todas as (possíveis) despesas que encontrou, mesmo aquelas que nunca se realizariam (em todos os orçamentos há dotações que não se gastam perante despesa que não se verifica) e chegou ao número desejado: 6,8%.

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Este artifício e esta conivência de Constâncio permitiu que Sócrates pudesse gastar o que tinha e o que não tinha, nesse (resto de) ano, pois a “culpa” (do valor do deficit naquele ano) já estava assacada e garantiu que ficasse empolado o ponto de partida (valor do deficit) de referência para a sua gestão posterior.

A partir daí, aumentou impostos, cortou nas Autarquias e na Madeira e desorçamentou despesas garantindo os 3% desejados em 2008.

Chegados a 2009, tínhamos eleições. Mas “felizmente”, também uma crise internacional. O que caiu que nem ginjas a Sócrates.

A coberto dessa crise, tratou de gastar à tripa forra: aumentou e criou novos subsídios, aumentou substancialmente os salários dos funcionários públicos e distribuiu dinheiro à economia “em crise”. Aliada às baixas taxas de juro bancárias e à inflação negativa, os portugueses (que não perderam o emprego) viram engordar o seu rendimento disponível de uma forma inaudita. E Sócrates ganha as eleições, poupando-se à penalização merecida.

Aquando da discussão (já quase no final de 2009) do orçamento correctivo, não se entendeu porque Sócrates solicitava autorização de endividamento tão alto, bem para além do deficit de 8% então previsto.

Agora entendemos. Tratou de aumentar a dívida até valores nunca vistos em dezenas de anos em Portugal, “comprando” o BPN e reduzindo as dívidas aos fornecedores até onde foram possíveis.

E chegou onde queria: um valor bem alto do deficit (9,3%) garantindo (outra vez) um bom ponto de partida para lançar 8,2% para 2010.

Oito vírgula dois seria sempre um valor alto se 2009 não ficasse acima dos 9%. E, como vimos, o despesismo eleitoralista de 2009 ficou bem “mascarado” por detrás da “crise internacional”. Daí que a despesa eleitoralista e a criação de uma referência bem alta em 2009 com vista a 2010 ficava plenamente conseguida.

A verdade é que o valor de 8,2% para 2010, diz-nos que Sócrates nada fará de substancial neste ano para corrigir o problema estrutural que consome Portugal. Pois 8,2%, aliado ao não crescimento de salários na função pública só poderá querer dizer uma coisa: que Sócrates vai estar à vontade em termos orçamentais e de despesa (que se lixe o deficit e a dívida) para enfrentar eleições já em 2010.

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