sábado, junho 04, 2005

Telhados de vidro

Veio a público que Luís Campos e Cunha, ministro das finanças usufruía de pensão de reforma do Banco de Portugal de mais de 8 mil euros mensais. Onde esteve 6 anos, até aos 48 de idade. É legal e não influi no défice, informou.

Luís Campos e Cunha é o mesmo que tem suportado grande parte das decisões e medidas restritivas onde se posicionam, também, a redução de pensões (via aumento dos impostos), o adiamento da idade mínima de reforma e a erradicação de reformas antecipadas.

Como dormirá o homem?

Ou há moralidade e todos se esforçam ou nada disto valerá a pena.

É legal. Porquê? Porque eles próprios (os usufruentes) criaram essas leis, nas quais se suportam para tirar benefícios pessoais.
Então, está na altura de criarem outras.

As reformas não podem ser acumuláveis com ordenados.
Não podem ser atribuídas por “dá aquela palha”.
E apenas depois dos 65 anos. Ponto final.
E direitos adquiridos… seja como diz Belmiro Azevedo.
Não temos tempo para isso. Fim. Já. Estamos todos no mesmo barco. E só assim chegaremos a algum lugar.

Não influi no défice? Que resposta esfarrapada. Influi em quê? Nas receitas de venda do ouro? Não recebeu o seu ordenado enquanto foi vice-presidente do BP? O que lhe ficou a dever o BP depois de seis anos de trabalho e correspondente vencimento? E quem criou essas regras, benefícios e regalias?

E isto aplica-se aos deputados. Vão votar (ou votaram) pela redução (ou eliminação) desses benefícios. Mas só para os outros… Os que vierem a seguir.
Não pode ser…
Até porque as medidas aplicáveis aos outros, ao povo, valem para já.

Para que possamos prosseguir com este processo é preciso clarificar estas questões. Ordenados absurdos e benefícios manhosos. Fim.
Mesmo que seja necessário alterar todo o processo retributivo dos cargos políticos. Eliminando alcavalas e actualizando, nem que seja para o dobro os valores das suas remunerações.
Procurando comparações com o resto da Europa (relacionando com o PIB) e demonstrando que o resultado final é a moralidade e, na realidade, menos custos para o Estado. E mais transparência.

E venha já a possibilidade de consultar na Internet o valor dos rendimentos brutos e do valor de impostos pago por cada contribuinte. Só isso. Quem não deve não teme. E só quem deve se oporá…

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